O principal termômetro da economia brasileira indica que o país retornou às condições anteriores à pandemia do coronavírus. No primeiro trimestre de 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,2%, após o país encerrar 2020 com uma queda de 4,1% na atividade econômica. O desempenho, levemente acima do que era esperado pelo mercado, foi impulsionado sobretudo pela agropecuária, com uma ampliação de 5,7%.
A indústria contribuiu com 0,7%, impulsionada pelas atividades extrativas, com alta de 3,2%, e a construção civil, com 2,1%. Por outro lado, as indústrias de transformação registraram um encolhimento de 0,5%, impactada pela produção de alimentos. Porém, a grande explicação para a sensação de que pouca coisa mudou no cenário econômico está no setor que mais emprega no país, o de serviços.
Mesmo com um indicativo de recuperação, a economia brasileira ainda está 3,1% abaixo do pico da atividade econômica, registrado em 2014. Em relação ao primeiro trimestre de 2020, o crescimento foi de 1%. O chamado terceiro setor até que registrou uma leve alta de 0,4%, mas não em atividades com grande impacto na geração de empregos. Estas dependem de aglomerações e contato social.
Classificado nas estatísticas oficiais como “outros serviços”, o ramo de alojamento, alimentação, lazer e turismo responde por 20% do PIB e 32% do emprego no país. Essas empresas ainda estão com um nível de atividade 9,5% abaixo do patamar pré-crise, do último trimestre de 2019, enquanto o PIB como um todo já voltou àquele nível. Serviços que empregam menos, como informação e financeiro, por outro lado, já se recuperaram da crise e estão em pleno crescimento.
“Na pandemia, a atividade econômica mais favorecida foi a financeira, por conta do aumento do crédito e também da poupança entre a população de mais alta renda, que conseguiu reduzir os gastos em razão do isolamento social”, explica Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
“Enquanto a pandemia não passar, vai ser essa questão de ter um PIB até um pouco melhor do que inicialmente previsto, mas com pouco emprego. São dois mundos, uma economia em duas velocidades”, avalia Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da FGV). É o que ela chama de “lado B do PIB positivo”.
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