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ELEIÇÕES PARA O GOVERNO DA BAHIA: OS POLÍTICOS DERAM A LARGARDA COM DECLARAÇÕES PRECONCEITUOSAS

Redação - 31/05/2021 07:44

Parafraseando a frase supostamente dita por Otávio Mangabeira: pense num absurdo, na política baiana tem precedente. E o absurdo agora tem o nome de agéismo, esse palavrão que significa uma forma de desrespeito com pessoas idosas.

Tudo começou com uma declaração do deputado federal Félix Mendonça Jr. do PDT que fez uma referência à provável chapa com que o PT vai disputar a sucessão do governador Rui Costa, em 2022, taxando-a de septuagenária. Ele se referia ao fato dos possíveis candidatos, Jaques Wagner, Otto Alencar e João Leão terem todos mais de 70 anos de idade. Antes o ex-prefeito ACM Neto também deu declarações afirmando que iria montar uma chapa de jovens para concorrer nas eleições de 2022, provavelmente em contraposição a um suposta chapa de “velhos” que seria apresentada pelo PT.

O mais surpreendente, porém, é que o ex-governador Jaques Wagner, ele próprio  classificado como idoso”, ao invés de questionar as declarações dos adversários, partiu para o ataque na mesma toada, dizendo que ACM Neto representa ‘coisa antiga’, como se o fato de ser antigo fosse necessariamente ruim.

Naturalmente, esse tipo de declaração pode ser creditado ao excesso próprio da disputa eleitoral, na qual cada grupo busca destacar aquilo que considera mais vantajoso em cada chapa. Mas estabelecer idade como desvantagem demonstra apenas despreparo em quem deseja chegar ao poder.

E aquilo que a princípio pode parecer preciosismo ou um exagero na prática do chamado “politicamente correto”,  é, na verdade, uma forma de preconceito que, em última instância, desprestigia “o idoso” o “antigo” como se a idade avançada fosse um fato ruim. Esse tipo de tipo de declaração ou comentário é um equívoco, afinal, basta ver que o líder da maior potência militar e econômica do mundo, Joe Biden, tem 77 anos e faz um governo até aqui um governo excelente. Além disso, é sempre bom lembrar que cerca de 15% dos eleitores em nosso estado são idosos.

O mais grave, porém, é que na Bahia, diferente de outros estados, a ideia de que a modernização da política, das empresas e dos negócios se faz tirando pessoas “idosas” e colocando jovens vem sendo acatada, muitas vezes com a substituição de pessoas preparadas por jovens estagiários, o que representa uma redução de custos efetiva, mas reduz também a qualidade do produto ou do serviço que a empresa oferece.  A posição  dos políticos baianos fortalece essa visão retrógrada,  o que é uma pena, afinal não fosse a sabedoria dos “idosos” o homem ainda estaria engatinhando.

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