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UNIVERSIDADES PÚBLICAS E PARTICULARES DECIDEM MANTER ENSINO REMOTO NA BAHIA

Redação - 29/04/2021 09:08 - Atualizado 29/04/2021

Um levantamento feito pelo Jornal Correio, com as 28 faculdades da Bahia, sendo as cinco universidades federais e quatro estaduais do território baiano, além de 19 particulares de Salvador, detectou que nenhuma delas tem ideia de quando os alunos voltarão a frequentar os campi. As classes estão interrompidas desde 18 de março de 2020. A maioria segue sem definição, como a Universidade Estadual Do Sudoeste Da Bahia (Uesb) e a Universidade Federal do Sul da Bahia (Ufsb). Outras decidiram que as atividades presenciais não voltam este semestre. É o caso da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Já a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (Ufrb) já estabeleceu que ficará com o ensino remoto até o final de 2021.

Elas não têm autonomia para decidirem essa questão sozinhas. A retomada da educação superior – assim como do ensino básico, médio e fundamental – depende da taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). De acordo com o decreto do governo estadual, a taxa de ocupação de UTI exclusiva para covid-19 deve permanecer em 75% por cinco dias consecutivos na região da saúde onde a cidade está inserida para que as aulas possam retomar. Até então, desde a publicação do decreto no último domingo (18), nenhuma região da saúde esteve com taxa de abaixo de 75%, segundo a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). A taxa mais baixa está na região Leste, que está com 77% de ocupação, de acordo com dados da Sesab disponibilizados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) – veja os índices de todas as regiões no final da matéria.

Enquanto isso, o máximo que algumas instituições permitem é algumas atividades administrativas funcionarem com escala e alguns cursos de saúde possam ter apenas as aulas práticas em campus. A Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), por exemplo, liberou, na última sexta-feira (23), que alguns cursos de saúde possam retomar à universidade presencialmente a partir da quarta-feira da semana que vem (5). São seis disciplinas do curso de medicina do quarto ano e quatro turmas de odontologia. “Esses alunos precisam ter a passagem para o quinto ano para ter o internato garantido. Essas atividades não têm atendimento ao público, são aulas práticas de formação do aluno. Se elas não iniciassem agora, as disciplinas terão que ser canceladas e geraria um prejuízo para os alunos”, esclarece o professor Evandro do Nascimento, reitor da Uefs. Essas matérias começaram de forma virtual e o ensino presencial complementará a carga horária.

Ao todo, são 32 alunos de medicina e cerca de 80 de odontologia. Além desses dois, a universidade considera a retomada das atividades práticas do curso de enfermagem. Porém, só depois que os alunos tomarem, pelo menos, a primeira dose da vacina contra a covid-19. A universidade só voltará a pleno funcionamento após a vacinação dos professores. São em torno de 2 mil profissionais da educação na Uefs, entre professores, auxiliares técnico-administrativos e servidores terceirizados.

“Estamos aguardando ver se é possível ter a vacinação dos acadêmicos, porque os estudantes com estágio supervisionado estão tendo autorização. Vamos aguardar, porque, nesse momento, não tem vacina”, afirma Nascimento. Outros três cursos iriam começar as atividades presenciais – química, engenharia civil e farmácia – mas adaptaram as disciplinas ao ensino remoto para esse semestre, que acaba em junho. Por enquanto, apenas os estudantes 5º e 6º ano de medicina, que estão no internado e que já foram vacinados, estão tendo aulas presenciais.

A medida não foi aplicada para todos os 31 cursos da Uefs, que somam mais de 10 mil alunos só na graduação. “Sem vacina suficiente e com os números de casos de covid aumentando, não seria viável ter aulas práticas para todos os cursos e disciplinas”, explica Evandro. Dessa forma, o semestre continua de forma remota para as outras matérias. Segundo o reitor, os protocolos sanitários já foram aplicados e uma reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), em maio, definirá qual será o modelo adotado pela universidade em 2021.2. “A tendência é adotarmos o modelo que garantir mais segurança para a comunidade universitária”, declara Nascimento, sem dar mais detalhes.

Na Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), os cursos de medicina, ciências biológicas, farmácia e nutrição já estão com atividades práticas presenciais desde o início do semestre, em formato híbrido. A universidade até chegou a decidir retomar nessa modalidade em todos os cursos, mas, com o aumento dos casos de covid-19 e com as taxas de ocupação de leitos de UTI em 100% há mais de duas semanas, não há mais previsão.

A Universidade do Estado da Bahia (Uneb) ainda mantém a deliberação de suspender as aulas presenciais até o dia 8 de maio. Em nota técnica, a Comissão Institucional da Uneb para Combate à covid-19 justificou dizendo que ainda há uma “conjuntura de crise, que tem se agudizado em relevante velocidade e intensidade”, e que o número de casos confirmados na Bahia continua em ascensão. “O Estado, até 22 de abril, acumula um total de 873.832 casos e 17.687 óbitos pela doença. E, a taxa de ocupação de UTI Adulto se mantém em 80%, acima do recomendado (< 70%)”, diz a nota.

Na Universidade Estadual Do Sudoeste Da Bahia (Uesb), na Universidade Federal do Sul da Bahia (Ufsb) e na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), não existe previsão de retorno do ensino presencial e só setores da administração trabalham em regime semipresencial. Os alunos da área de saúde têm atividades presenciais, mas 90% das disciplinas estão por ensino remoto. Esse também é o caso da Uneb. A Univasf aprovou, na última sexta-feira (23), o manual de biossegurança que estabelece os protocolos sanitários.

Já na Universidade Estadual De Santa Cruz (Uesc) e na Universidade Federal da Bahia (Ufba) as aulas virtuais seguirão até junho. Antes do retorno, os comitês das respectivas faculdades decidirão sobre a modalidade do próximo semestre letivo. A Ufrb só retornará com ensino presencial ano que vem. Por enquanto, só os cursos de medicina e nutrição têm atividades presenciais.

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) manterá o ensino remoto. Na próxima sexta-feira (30), haverá uma reunião entre o Comitê Central de Prevenção e Acompanhamento da Ameaça do Coronavírus e os comitês correlatos dos 22 campi do IFBA para discutir a adoção do ensino híbrido. A reitoria reforça que a decisão sobre a retomada de atividades presenciais está vinculada a dois fatores: a vacinação dos servidores e servidoras e a garantia de orçamento que permita adotar e manter ações e protocolos de segurança sanitária.

Cursos com atividades presenciais

  • Ufob – Medicina, Ciências Biológicas, Farmácia e Nutrição
  • Ufrb – Medicina e Nutrição
  • Ufsb – nenhum
  • Univasf – Medicina
  • Uefs – Medicina e Odontologia
  • Uneb – cursos de saúde
  • Uesb – Enfermagem, Educação Física, Fisioterapia, Farmácia e Odontologia
  • Uesc – Medicina, Enfermagem, Biomedicina e atividades de pesquisas
  • Uniftc – Medicina
  • Estácio – nenhum

Taxa de ocupação de leitos de UTI por região da saúde (fonte: SEI e Sesab)

  • Centro-leste: 86%
  • Centro-norte: 97%
  • Extremo sul: 93%
  • Leste: 77%
  • Nordeste: 100%
  • Norte: 86%
  • Oeste: 90%
  • Sudoeste: 88%
  • Sul: 79%
  • Total da Bahia: 81%

Foto: divulgação

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