O ex-prefeito de Salvador e presidente nacional do Democratas, ACM Neto, voltou a dizer publicamente, durante entrevista para Globo News, nesta terça-feira, (9), que não tratou de indicações para qualquer ministério em troca de um possível apoio político, como acusou o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O deputado federal do Democratas do Rio, após ter seu candidato à sucessão na Câmara, Baleia Rossi (MDB-SP), derrotado pelo nome apoiado por Jair Bolsonaro (sem partido), Arthur Lira (PP-AL), disse que sua legenda tinha se tornado o “partido da boqunha” – em referência ao fisiologismo do apoio político em troca de cargos e emendas, prática corriqueira entre os partidos do chamado Centrão -. Após o resultado eleitoral e nesta semana, durante entrevista para o site Valor Econômico, onde anunciou sua saída do DEM, Maia criticou um possível jogo duplo de ACM Neto em troca de cargos e indicações para ministérios no governo Bolsonaro.
“Eu nunca tratei com o presidente da República nem com o Palácio do Planalto sobre eleição na Câmara dos Deputados. Sempre deixei claro tanto para Bolsonaro, quanto para os seus ministros que eu não participaria de indicação de ministros para o governo. Eu não quero indicar um porteiro, um servente para o governo, imagine participar da indicação de ministro”, destacou o presidente nacional do Democratas em entrevista ao canal da Globo. Maia ainda não decidiu seu caminho, mas informações de bastidores dão conta que o ex-presidente da Câmara poderá desembarcar no Partido Social Liberal (PSL), Cidadania ou Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), convidou publicamente o democrata nesta semana para integrar os quadros do PSDB. E, para impedir uma debandada provocada pela dissidência de Rodrigo Maia, que poderá levar outros nomes da sigla, o presidente nacional do Democratas, ACM Neto, se reuniu nesta terça-feira, (9), com Dória.
Ainda nesta terça, a coluna Painel, do jornal Folha de São Paulo, trazia informação de que o Republicanos havia indicado o deputado federal João Roma (Republicanos) para o cargo de Ministro da Cidadania, reservado por Bolsonaro à legenda de Edir Macedo pelo apoio dado ao seu candidato na Câmara dos Deputados. A informação foi negada por Roma. A escolha do deputado federal da Bahia, que é o mais contado internamente segundo membros da legenda, esbarra no fato dele ser ex-chefe de gabinete de ACM Neto, o que em tese, caso se concretize, servirá como validador das críticas de Rodrigo Maia (DEM), de que o presidente nacional do DEM estava buscando uma “boquinha” para aliados e fazendo jogo duplo na disputa. Deputados da base do Neto revelam que ele não gosta da ideia de seu apadrinhado assumir um ministério, fato que poderá ‘queimá-lo’ após todo imbróglio envolvendo sua atuação nas eleições do Congresso Nacional.
O deputado federal nega que tenha sido indicado pelo Republicanos e afirma que o partido ainda está tratando internamente do tema e esperando um posicionamento oficial do presidente da República. “Não houve um convite específico para minha pessoa. Suposições todo mundo pode fazer, falar; agora são hipóteses, ato concreto não há, não houve ainda o convite e logo, nem o aceite ou a recusa. Esse processo está sendo conduzido por Marcos Pereira, nosso presidente, que recebe informações e vai formando o entendimento. O partido não chegou a dizer que era fulano de tal, o nome sairá quando o presidente da República indicar o ministério e o partido escolher”, destacou Roma.
O parlamentar pontuou que além dele, há outros dois nomes na disputa: Márcio Marinho (Republicanos) e Jônatas de Jesus (Republicanos-RR). Os parlamentares cotados pela legenda são aqueles que têm como suplentes membros do partido, caso de Marinho e Roma; que, na Bahia, deixando uma das cadeiras, levará de volta à Câmara a deputada federal Tia Eron(Republicanos), que é a primeira suplente da legenda, não provocando uma redução da bancada na Câmara. Roma saiu em defesa de Neto e criticou as especulações da mídia, que classifica como uma tentativa de ligar sua possível indicação a uma digital do ex-prefeito de Salvador e líder maior do grupo político que faz oposição ao governador Rui Costa (PT) na Bahia.
“É Muita especulação; toda hora o Antagonista, os sites, colocam uma coisa. Há pessoas utilizando isso para atacar ACM Neto, isso não é assunto do Dem e muito menos de Neto. É do Republicanos, essa decisão é entre Bolsonaro e o Republicanos”, reforçou Roma, defendendo o amigo e presidente nacional do Democratas.
Foto: divulgação