O fato de empresas com pouca força econômica no mundo real estarem com suas ações supervalorizadas está trazendo de volta uma pergunta de bilhões de dólares: Está se formando uma “bolha” nas Bolsas de Valores. No final de janeiro, em plena pandemia, uma cadeia global de cinemas emitiu 44,4 milhões de ações e levantou US$ 600 milhões no mercado e este é um pequeno exemplo de como empresas com faturamento zero ou quase estão levantando bilhões no mercado de ações.
O que se fala no mercado é que com a pandemia muitos investidores vêm tolerando manter ou comprar papéis de empresas cujo valor podem não mais refletir seu patrimônio ou a geração de caixa. A verdade é que as ações estão muito caras em relação ao lucro das empresas e o “cape ratio”, o mais respeitado indicador para o cálculo do preço de uma ação em relação ao lucro está batendo em 33, o que só tem algo parecido em 1929 ano da Grande Depressão e em 2000 ano da “bolha da internert”
Há uma diferença: os bancos centrais, sobretudo o norte-americano (Fed) e o europeu (BCE), vêm injetando dinheiro em escala sem precedentes no mercado para manter as taxas de juro em níveis historicamente baixos ou negativos (menores que a inflação) e isso tirou o apetite dos investidores em comprar títulos de Estados que hoje não rendem nada ou dão prejuízo . E eles foram em busca de empresas privadas e correm riscos maiores para melhorar seus rendimentos. No Brasil tem sido a mesma coisa.
O fato é que existe uma enxurrada de dinheiro no mundo inteiro.
A quantidade de dinheiro disponível é tamanha que nos Estados Unidos mesmo companhias mal avaliadas por agências de classificação (com notas “CCC”) captam recursos, vendendo papéis, aos juros mais baixos da história para seu padrão: menos de 7,5% ao ano.
A venda desse papelório e a valorização das Bolsas ocorrem apesar do mau desempenho das empresas globais no ano passado —outro sinal que põe algumas orelhas em pé.
Há quem diga que há uma “bolha” prestes a estourar outros que tudo vai voltar ao normal no pós pandemia. Mas todos querem saber: por quanto tempo os bancos centrais despejarão dinheiro e manterão juros próximos de zero ou negativos, empurrando investidores para ativos de risco?
Para que isso aconteça os bancos centrais a subir os juros, tornando os títulos estatais (mais seguros) novamente atrativos, murchando o mercado acionário. Com informacões da Folha de São Paulo.