Estudar os assuntos, fazer simulados, elaborar planilha de estudos, calcular tempo, tentar não deixar a ansiedade atrapalhar… Às vésperas do Enem, os candidatos fazem de tudo. E, segundo professores, uma das melhores estratégias para quem está em modo intensivo nessa reta final é resolver as provas das edições anteriores. Não que as questões venham a se repetir, mas é uma forma do estudante observar como as habilidades e competências são cobradas, a forma que o conteúdo é explorado e o que cai mais de cada área. Além disso, é também um ótimo exercício para testar o tempo de realização da prova.
A estudante Carolina Smith, 18, concluiu o 3º ano do Ensino Médio em 2020 e conta que passou todo o ano se preparando e que, agora, a principal estratégia é fazer provas anteriores cronometrando o tempo. “Ao longo do ano eu foquei mais em assistir às aulas e fazer resumos. Não dei prioridade para as provas anteriores completas, fazia apenas algumas questões de forma aleatória. Agora que as aulas acabaram, eu montei um cronograma para resolver todas as provas do Enem desde 2011”, diz. Carolina afirma já ter feito metade das provas que planejou e que é possível, sim, perceber uma semelhança. “De 2011 para cá, as provas ficaram mais difíceis, claro, mas ainda sim seguem um padrão e ainda mantêm um viés mais social”.
Para o professor de Matemática do Colégio Vitória Régia, Emilcon Filho, resolver questões antigas é essencial porque permite que os alunos se familiarizem com a prova e entendam como funciona o método de avaliação. “Eu sempre falei para os meus alunos que a principal coisa é resolver as provas antigas, principalmente de 2010 a 2019. As questões não se repetem, mas são bem parecidas. Em um ano ele cobra como uma determinada coisa acontece do início para o fim e, no ano seguinte, como acontece do fim para o início. No final, é a mesma coisa, com focos diferentes”, aponta.
A candidata Ana Cunha, 17, compartilha que a resolução de questões é o seu maior foco, já que é essencial para entender como os assuntos são cobrados. “Durante o meu 3º ano, eu montei um grupo de resolução das provas do Enem com amigos. Estabelecemos que, de segunda a sábado, nós resolveríamos 15 questões por dia, então em uma semana a gente conseguia terminar um dia de prova. A gente começou em março e já conseguimos fazer 17 provas do Enem”.
De acordo com o professor de Matemática Adriano Caribé, que dá aulas no Colégio Anchieta e no PontoMed Pré-vestibular, o método é uma excelente estratégia, principalmente, para essa reta final. “Se você já terminou tudo, já estudou todos os conteúdos, eu acho que agora é o momento de treinar e fazer questões. Mas é importante também que, ao conferir o gabarito, o aluno corra atrás das questões que errou, procurando entender por que errou. O erro é um momento de grande aprendizado”, aconselha.
Para o professor Vinicius Lemos, do curso online Virei Nerd, composto por alunos da USP, o Enem é muito mais do que ter conhecimento; é preciso ter resistência e estratégia para fazer a prova. “O aluno não pode se dar ao luxo de perder tempo. Estudar as provas antigas é extremamente importante para criar um sistema mecânico no aluno para que ele olhe a questão e resolva de uma maneira rápida”, explica. Ele comenta que todo o método de ensino do cursinho é baseado em resolução de questões. “É preciso que o aluno entenda como a teoria é aplicada. Não é possível entender o assunto se não praticar. Uma coisa caminha ao lado da outra, não antes ou depois”, completa.
O professor de História, Ricardo Carvalho, apresentador do Programa TV Enem nas TVs Legislativas e mestre de diversos colégios e cursinhos, aponta dois métodos de estudo com questões de provas antigas. O primeiro deles consiste em resolver uma questão e já checar a resposta no gabarito; o outro, em fazer toda a prova e somente depois conferir o resultado. “Fazer a questão, conferir e tirar dúvida é um trabalho de treinamento, um trabalho do cotidiano que o estudante precisa fazer. A ideia de fazer uma prova inteira e depois conferir o gabarito tem o objetivo avaliativo, para que o aluno sinta onde ele está melhor e onde ele não está tão bem”, explica.(Correio)
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