O Professor e ex-ministro Roberto Rodrigues é uma dos mais respeitados estudiosos do agronegócio brasileiro. Em setembro último, ele escreveu um artigo no Estadão , intitulado “Frutas para o Mundo”, que inspirou diretamente a elaboração desse artigo de hoje, que, por sua vez, utilizou em larga medida informações do trabalho do conceituado professor.
Com uma ampla diversidade de condições de clima e solos, os produtores rurais brasileiros têm se mostrados capazes de produzir todo tipo de alimento, e com a fruticultura não tem sido diferente.
Com efeito, aqui produzimos frutas encontradas em todo o mundo e também algumas espécies e variedades que só existem em nosso vasto território. Segundo Rodrigues, nossas maçãs são as mais saborosas do Mercosul. Aqui temos também o Açaí na Amazônia, kiwi, uva sem “caroço”, damasco, atemóia, pitaya, mangostin, lichia, morango, framboesa, amora, ameixa, pêssego, cajá , siriguela, umbu, cereja, sem contar, claro, as frutas já consagradas mundialmente, na qual temos indiscutível capacidade competitiva, como manga, melão, melancia, banana , laranja, limão, mamão, castanha de caju ( item incluído nas estatísticas da produção e exportação de frutas), e por aí vai. É com esse imenso e diversificado universo de espécies frutíferas que nos posicionamos como o terceiro maior produtor de frutas do planeta, com uma safra de superior a 40 milhões de toneladas e receita acima de 38 bilhões de reais, só sendo superado pelas fruticulturas da China e da Índia. Isso tudo é cultivado em área de 2,5 milhões de hectares , com geração de 5 milhões de empregos, uma relação emprego por hectare muito acima da observada mas lavouras de grãos, integralmente mecanizadas.
A despeito desses números impressionantes, ocupamos a nada lisonjeira vigésima terceira posição no ranking das nações exportadoras, sendo sobrepujado, por países como Espanha, Equador, Costa Rica, EUA, México, Itália, Guatemala, África do Sul, Filipinas e outros. O ano passado conseguimos alcançar a marca de exportações de 1 bilhão de dólares, com destaque para as vendas de mangas, melões, uva, mamão. melancia, limão e abacate, dentre ouras fruteiras, mas temos potencial para muito mais, tanto no mercado externo, como internamente. No Brasil , o consumo percapita de frutas está muito aquém do recomendável.
Temos alguns gargalos , como a lentidão nos registros de defensivos com baixo grau de resíduos químicos, mas estamos avançando, e temos um grau de resíduos nas nossas frutas em linha com padrões internacionais aceitáveis, além do uso crescente de defensivos biológicos.
Aqui na Bahia, temos os polos conhecidos da manga e uva no Vale do São Francisco , mamão no Extremo Sul, citricultura em Rio Real, e municípios vizinhos , entre outros, e vem despontando uma fruticultura de clima temperado, sobretudo em zonas da Chapada Diamantina, a exemplo de Mucugê, Piatã, Barra da Estiva, etc. Além do famoso café da latitude 13, apreciado mundialmente, inclusive no Vaticano, pelo Papa Francisco , começam a florescer pomares de morangos, amoras, framboesas, pitaya e outras espécies. Alguns produtores têm incrementado suas atividades com a inclusão da região em roteiros de agroturismo, no qual os turistas podem conhecer os pomares, as técnicas de cultivo, sessões de degustação, de frutas, geleias, licores e outros derivados, e, logicamente, comprar os produtos. Devemos fomentar essa promissora fruticultura. Se não temos mais a extensão rural da EBDA, podemos dispor de órgãos importantes que podem dar suporte tecnológico e de gestão, a exemplo do CNPMF-EMBRAPA (CENTRO DE PESQUISA EM FRUTICULTURA E MANDIOCA, da EMBRAPA, em Cruz das Almas) , SEBRAE e outros. Trata-se de um segmento animador para diversificar o agronegócio estadual.