Na última semana, duas vacinas contra a Covid-19 – Pfizer e Moderna – divulgaram resultados positivos e uma eficácia de mais de 90% em estudos de fase 3, a última fase antes do pedido de registro junto às reguladoras. No entanto, elas ainda não têm um contrato com o governo federal ou estados brasileiros. Em que estágio estão os projetos com acordos firmados para distribuição no Brasil?
Quatro laboratórios estão fazendo testes no Brasil: Sinovac, Oxford e AstraZeneca, Janssen e BioNTech/Pfizer. As duas primeiras já têm algum acordo para fornecimento de doses. O governo do Paraná assinou acordo com a Sputnik V, da Rússia, para parceria no desenvolvimento.
Sinovac/CoronaVac (China)
A vacina CoronaVac, da farmacêutica chinesa Sinovac, é a aposta do governo de São Paulo. O Instituto Butantan recebeu as primeiras 120 mil doses prontas e adquiriu a licença para produção em sua própria estrutura.
O que sabemos até agora:
O que ainda falta:
Oxford e AstraZeneca/ChAdOx1
A vacina ChAdOx1, desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, foi o primeiro acordo firmado pelo Brasil e apresentada pelo Ministério da Saúde como a escolha inicial para o Sistema Único de Saúde (SUS).
O que sabemos até agora:
O que falta:
Com a constatação de que os eventos adversos dos participantes não estavam relacionados à vacina, o ensaio da fase 3 foi retomado e está em andamento. Os pesquisadores precisam finalizar os testes e apresentar a eficácia da vacina, além de publicar os resultados e, assim, entrar com o pedido de registro junta à Anvisa. O governo brasileiro deverá produzir a vacina na Fundação Oswaldo Cruz. A previsão do Ministério da Saúde é de distribuir 30 milhões de doses no início de 2021.
Instituto de Pesquisa Gamaleya/Sputnik V
Em 11 de novembro, o governo russo divulgou os resultados preliminares da fase 3 da vacina Sputnik V, a primeira a apresentar os dados de eficácia e ter registro para aplicação no mundo, mas sem a publicação em revistas e revisão dos dados por outros cientistas. Os testes acontecem por enquanto na Rússia, mas um documento foi assinado pelo governo do Paraná em agosto para garantir o desenvolvimento da vacina no estado.
O que sabemos até agora:
O que falta:
E as outras vacinas em teste no Brasil?
Outras duas farmacêuticas internacionais fazem estudos clínicos de suas vacinas no Brasil – Janssen e Johnson & Johnson (Ad26.COV2.S) e BioNTech/Pfizer (BNT162b1). Não há, no entanto, um acordo firmado com órgãos do país para a compra da tecnologia e distribuição.
No caso da BNT162b1, a Pfizer anunciou nesta semana que teve um encontro com executivos do Ministério da Saúde para apresentar a vacina. Os dados da fase 3 já foram publicados e apontam uma eficácia de 95%. Nesta quinta-feira, o governo confirmou que está avaliando a compra da vacina, além de outros 4 produtos:
A Ad26.COV2.S, da Janssen e Johnson & Johnson, teve uma pausa nos testes devido a um evento adverso apresentado em um dos voluntários, mas já retomou os estudos de fase 3 no início deste mês. A mRNA-1273, da Moderna, também publicou os resultados da última etapa e apresentou uma eficácia de 94,5%.
As vacinas da Moderna e da Pfizer são do tipo mRNA, usam uma parte do material genético viral para “enganar” o corpo humano e ele já desenvolver um sistema de defesa para o vírus. Há um desafio, no entanto: os países terão que criar uma estrutura para transporte e armazenamento a -70ºC.
Foto: divulgação