Após conquistar a medalha de bronze do Circuito nacional de vôlei de praia, Carol Solberg supreendeu com um grito de “Fora, Bolsonaro”, durante transmissão ao vivo. Agora, a manifestação política será julgada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Devido a proporção que o caso tomou, a atleta desabafou nas redes sociais sobre a tentativa de silenciar atletas.
“Esse episódio que vivi ao longo dessa última semana me fez pensar muito sobre o porquê de tantas pessoas acharem que política e esporte não devem se misturar. A própria Comissão de Atletas do Vôlei de Praia emitiu uma nota dizendo que lutará para silenciar os atletas. Acredito que está mais do que na hora de refletirmos sobre isso e tentarmos entender de onde vem essa máxima. Quem disse que atleta não pode se manifestar politicamente? Quem disse que esporte é só entretenimento? Estamos ali só para correr atrás de uma bola e vivermos alienados do mundo? O atleta não é um cidadão como outro qualquer? Eu acredito que esporte e política podem e devem andar juntos, simplesmente pelo fato de que é impossível dissociar um do outro”, escreveu Carol, no Instagram, ao publicar uma imagem da torcida do Corinthians manifestando no estádio contra o racismo.
Em sua defesa, a carioca relembrou casos emblemáticos de que esporte e política se misturam sim.
“Quando você vê uma iraniana lutando para que mulheres possam frequentar estádios de futebol, isso é política. Quando a ONU tem programas esportivos em zonas de guerra e vulnerabilidade social, isso é política. A falta de investimentos em quadras poliesportivas nas escolas, é política. Quando Nelson Mandela usou o rugby para unir negros e brancos na África do Sul, isso é política”, relembrou.
Se penalizada pelo STJD, a atleta pode pagar uma multa (de R$ 100 a R$ 100 mil), ser advertida ou ser suspensa das partidas. Carol Solberg ainda não comentou o caso. Mas no texto publicado há dois dias, a atleta espera servir de exemplo para uma nova geração de esportistas.
“Acho que é urgente refletirmos sobre isso e argumentarmos de uma maneira saudável, sem ataques ou xingamentos, tentando dialogar sobre um assunto que precisa ser debatido, pois não podemos mais ficar parados no tempo enquanto no mundo inteiro atletas estão protestando contra tantas injustiças. Espero que as próximas gerações de atletas brasileiros tenham certeza de que suas vozes importam, assim como a voz de qualquer outro cidadão que queira se manifestar”, disse.
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