Na contramão de outros estados, muitos deles com ocupação de leitos superior, a Bahia adota cautela e só vai discutir amplamente a reabertura econômica na próxima segunda-feira, 15, quando está prevista uma reunião geral de integrantes do grupo de trabalho criado para estudar a retomada das atividades no estado. A data também marca, conforme decreto publicado no final de maio, o término do prazo para apresentação do relatório de conclusão dos trabalhos do grupo.
“As reuniões já começaram. Tiramos um plano de trabalho e estamos na linha de compor as coisas, para fechar o que seriam as etapas (de reabertura)”, afirma o secretário estadual de Planejamento, Walter Pinheiro, coordenador do grupo de trabalho. Para Pinheiro, a postura da Bahia pode ser classificada como “prudente”, enquanto muitos estados já começam a autorizar o funcionamento do comércio e outros serviços. “Estamos conversando com os setores, levando em conta um conjunto de índices. A atenção básica e a vigilância epidemiológica têm nos balizado”, diz.
“Não pode ser a volta pela volta, tem que ser um processo que deve levar em conta que a prioridade é a vida”, acrescenta o titular da Seplan. Além de diversos secretários, também integram o grupo representantes do setor industrial, do comércio, da agricultura e pecuária, entre outros. Em Salvador, a prefeitura anunciou recentemente a autorização para o funcionamento de alguns serviços –lavanderias, lojas de materiais elétricos e ferragens, açougues, clínicas e consultórios, serviços odontológicos eletivos, clínicas de estética, comércio e serviço de arquitetura e decoração, obras e intervenções em imóveis habitados,concessionárias e revenda de veículos.
Na segunda, também vencem na capital outras medidas de restrição e o prefeito ACM Neto (DEM) anunciará possível prorrogamento dos decretos, com eventual liberação de setores. O quadro, entretanto, ainda é incerto, segundo o secretário da Casa Civil, Luiz Carreira. “Estamos discutindo algumas coisas, por enquanto nada fechado. O prefeito deve dizer alguma coisa na próxima semana e pode ser que, eventualmente, tenha algo sobre algum setor. O parâmetro fundamental são os dados da Saúde”, afirma.
De acordo com o secretário, há reuniões diárias da equipe para analisar dados como novos casos e ocupação de leitos. “Não adianta tomar uma decisão precipitada e ter que voltar atrás depois. As pessoas já estão muito saturadas com todo esse tempo de restrição e poderia ocorrer até uma restrição maior”, diz. Em Salvador, a ocupação dos leitos de UTI voltados para o tratamento do coronavírus tem oscilado entre 70% e 75%. Na Bahia, a taxa atual é de 72%, conforme o último boletim da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab).
No Twitter, o titular da pasta, Fábio Vilas-Boas, chamou a atenção, ao compartilhar reportagem, para o aumento súbito de infecções e mortes causadas pelo novo coronavírus em cidades do interior do país. “Vejam o que está acontecendo pelo país. Se repetirmos, seremos nós amanhã após abertura, quando o interior terá segunda onda de infecção de Covid-19”, escreveu.
Taxas de isolamento
As autoridades baianas têm defendido reiteradamente a necessidade do isolamento social, que atingiu recentemente, conforme o InLoco, o menor índice desde a adoção de medidas restritivas pelo governo do Estado. Segundo a ferramenta, a taxa de isolamento foi de 38% na última segunda-feira, 8. Desde o começo da quarentena, o maior índice foi de 58,3%, no dia 22 de março. Os dados são publicados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). A autarquia destaca, porém, que não correspondem à totalidade da população. A ferramenta InLoco acompanha a movimentação das pessoas pela rede de telefonia celular.
Reabertura nos estados
Em São Paulo, apesar de já vigorar um plano de flexibilização, o governador João Doria (PSDB) anunciou a ampliação da quarentena de 15 até 28 de junho. Atualmente, a maioria das regiões do estado está na fase dois do Plano São Paulo, na qual há abertura com restrições de estabelecimentos como concessionárias de veículos, escritórios, comércio e shoppings.
Na cidade do Rio de Janeiro, shoppings reabriram com restrições na quinta-feira, 11). O governador Wilson Witzel (PSC) já havia anunciado um plano de flexibilização, com a reabertura de setores como shoppings, bares e restaurantes, o que desencadeou uma guerra de liminares nos últimos dias. Na terça-feira, 9, após decisão do presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), passaram a valer as determinações do governador.
Em Santa Catarina, o governador Carlos Moisés (PSL) disse que deixaria a cargo dos prefeitos decidir sobre medidas de flexibilização. No Maranhão, já foi iniciada a reabertura de serviços não essenciais e a previsão atual de retorno das aulas é no dia 1º de julho. No Ceará e em Pernambuco, a retomada gradual das atividades foi adotada desde o dia 1 º de junho.
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