O PT está preocupado com a possibilidade de um ataque ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após sua soltura e está providenciando um reforço em sua segurança tão logo deixe a sede da Polícia Federal no Paraná, em Curitiba. “É evidente que vamos tomar muito cuidado. Há muita conversa entre nós sobre a necessidade de reforço da segurança pessoal dele [Lula], sobretudo nesse momento que algumas reações são muito doidas. Temos uma preocupação com essa questão”, disse Gilberto Carvalho, que foi chefe de gabinete de Lula na Presidência e é um dos dirigentes petistas mais próximos a ele.
Nesta sexta-feira, após reunião com Lula na PF, o advogado Cristiano Zanin anunciou que já deu entrada na Justiça Federal com um pedido de soltura imediata do líder petista. A iniciativa da defesa do ex-presidente ocorre após a decisão do Supremo Tribunal Federal desta quinta-feira (7). O plenário decidiu, com placar apertado de 6 votos a 5, que um condenado só pode ser preso após o trânsito em julgado (o fim dos recursos), alterando a jurisprudência, que desde 2016, tem permitido a prisão logo após a condenação em segunda instância. O PT já tem um roteiro para os primeiros dias de Lula em liberdade. Se confirmada sua saída da prisão, ele fará um breve discurso a seus apoiadores que mantiveram vigília em frente à PF desde a prisão, em abril do ano passado.
De acordo com Gilberto Carvalho, Lula evitará responder a provocações do presidente Jair Bolsonaro e de seu entorno. “Nesse jogo ele não vai cair. Não vai facilitar a vida do Bolsonaro e fornecer elementos para o presidente fortalecer a sua base”, declarou o ex-chefe de gabinete da Presidência (2003-2010). O tom de suas falas, segundo o dirigente petista, será sobre a necessidade de unir o país, e não de vingança. Uma exceção será a crítica à Lava Jato, especialmente ao ministro da Justiça, Sergio Moro, ex-juiz federal que o condenou à prisão no caso do tríplex de Guarujá. “Ele não vai deixar de xingar o Moro, mas de maneira geral, não tem essa coisa de vingança, do ódio”, declarou. A principal preocupação do ex-presidente, segundo seu ex-chefe de gabinete, será de ter um discurso marcadamente de esquerda em alguns temas.
“Mas não é mais à esquerda no sentido de ser leninista, ou trotskista. É na linha de defender a inclusão dos mais pobres no Orçamento federal, e de denunciar que querem vender o país. São essas duas bandeiras que ele vai abraçar mais”, disse.
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