O presidente Jair Bolsonaro comentou nesta segunda-feira (1º) a reação de palestinos sobre a decisão do governo de abrir um escritório comercial do Brasil em Jerusalém. Neste domingo (31), após o anúncio da abertura do escritório, a Autoridade Palestina afirmou que vai chamar de volta seu embaixador no Brasil para consultas e para estudar uma resposta à medida. “É direito deles reclamar”, disse Bolsonaro após ser questionado sobre o tema por jornalistas que acompanham a viagem do presidente a Israel. “A gente não quer ofender ninguém. Agora, queremos que respeitem a nossa autonomia”, completou.
Assim que foi eleito, em novembro do ano passado, o presidente afirmou que transferiria a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. O gesto desagradaria palestinos, que reivindicam Jerusalém Oriental como capital do Estado que pretendem constituir. Israel, por outro lado, considera Jerusalém a “capital eterna e indivisível” do país. Jerusalém não é reconhecida internacionalmente como a capital israelense. No entanto, Estados Unidos e Guatemala transferiram, no ano passado, suas respectivas representações diplomáticas, que antes ficavam em Tel Aviv, para a cidade.
Bolsonaro foi alertado de que a transferência da embaixada poderia afetar as exportações brasileiras, principalmente de carne, para países árabes. Esse é um dos motivos que levaram o presidente a adiar a decisão. Ele foi questionado nesta segunda se definiria a mudança da embaixada até o fim de seu mandato. “Bem antes disso será dada a decisão, pode ter certeza”, respondeu. “Tem o compromisso, mas meu mandato vai até 2022.E tem que fazer as coisas devagar, com calma, sem problema. Estou tendo contato com o público também de outras nações e o que eu quero é que seja respeitada a autonomia de Israel, obviamente”, completou o presidente.
O presidente também visitou o Muro das Lamentações, em Jerusalém, ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. O Muro das Lamentações é um local sagrado do judaísmo. A estrutura, de pedra calcária, é parte do que sobrou de um templo da Antiguidade. Há séculos as pessoas que visitam o Muro fazem orações no local e depositam, nas reentrâncias das pedras, pedidos escritos em papel.
Após uma breve oração ao lado de Netanyahu, Bolsonaro depositou um pedido. Questionado por jornalistas sobre o quê havia sido, ele respondeu: “Deus, olhe pelo Brasil”. Bolsonaro diz que deixei pedido para o Brasil em Muro das Lamentações, em Jerusalém. A visita ao Muro faz parte dos compromissos da viagem oficial de Bolsonaro a Israel. Desde que foi eleito, o presidente tem se aproximado de Netanyahu. O primeiro-ministro de Israel foi um dos chefes de Estado presentes na cerimônia de posse, em 1º de janeiro.