A renda dos pais tem pesado menos sobre a renda dos filhos, segundo estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas. O resultado indica que filhos de pais pobres viram aumentar as suas chances de ter uma renda maior que a dos pais, apontando que o Brasil progrediu em relação à mobilidade social.
A associação entre a renda das duas gerações caiu 20 pontos percentuais, de 75% para 55%, em 18 anos. O estudo foi realizado com base em quesito especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), incluído em 1996 e 2014. Nas duas ocasiões, as pessoas responderam qual era a escolaridade e a ocupação dos seus pais quando os entrevistados tinham apenas 15 anos, permitindo estimar sua renda. Pelo levantamento, a expansão do acesso à educação básica e fundamental teve papel decisivo na melhora da mobilidade.
De acordo com o estudo, o melhor desempenho se deu entre mulheres negras, para as quais a diferença foi de 41,10 pontos percentuais em 2014, em comparação com 1996. A educação também teve influência nesse resultado. “A população negra teve historicamente menos acesso à educação do que a população branca, de modo que, com a universalização do Ensino Básico, os negros foram os que tiveram maior aumento de escolaridade. Como nas últimas décadas se observou que mulheres estudam em média por mais tempo do que homens, elas tiveram ainda maior aumento de nível educacional e, por isso, maior aumento da renda com relação aos seus pais”.