Diferenças políticas e econômicas são as principais causas de um mundo cada vez mais dividido por conflitos e polarizações. É o que mostra uma pesquisa feita com 19.500 pessoas, inclusive no Brasil. “Cheguei a romper com um grande amigo meu em função de questões políticas. Acho que hoje as pessoas vivem à flor da pele”, conta o corretor de imóveis Edmundo Salgado.
A polarização é um fenômeno mundial, constatou uma pesquisa feita em 27 nações. Dos entrevistados, 76% disseram que seus países estão divididos. Em primeiro lugar, aparece a Sérvia. Argentina, Chile e Peru vêm na sequência. O Brasil está em sétimo lugar, empatado com Estados Unidos, Polônia e Espanha; 84% dos brasileiros veem um racha no país. No geral, a percepção é que o mundo está mais dividido do que dez anos atrás; 62% dos brasileiros pensam assim do país.
No Brasil e no mundo, os principais focos de tensão são as diferenças políticas, seguidas por diferenças entre ricos e pobres. “Te olham de forma diferente porque você não tem dinheiro ou te tratam de uma forma diferente”, diz a estudante Vitória Henriques.
“É um momento de falta de segurança sobre os caminhos políticos a serem seguidos, é um momento em que modelos antigos se provam ineficazes e que a transição, principalmente em função de globalização e aumento de tecnologia, proporciona novos caminhos que a gente não conhece”, explica Marcos Calliari, presidente do Instituto Ipsos.
Na avalição dos pesquisadores, essa divisão tem pelo menos duas consequências: intolerância e desconfiança. No Brasil, só 10% dos entrevistados disseram que confiam nos outros. Só 29% acham que os brasileiros são tolerantes com pessoas de culturas ou de pontos de vista diferentes. Só uma minoria disse que o convívio com pessoas diferentes gera compreensão e respeito.