Os gastos privados com saúde somaram R$ 314,6 bilhões, o que representa 57,6% do total de R$ 546,1 bilhões gastos com saúde no País em 2015. Os números integram o estudo “O Setor de Saúde na Perspectiva Macroeconômica” – Período 2010/2015″, realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) com base nos números da Conta-Satélite de Saúde Brasil, recém publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Apesar de o modelo de saúde pública no Brasil ser universal, os gastos do governo com SUS são inferiores aos privados. Um padrão que não é visto nos demais países que adotam modelos universais de saúde”, destaca Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS.
Segundo o estudo, países com este modelo tendem a ter gastos públicos superiores aos privados. A lista de exemplos é ampla. Começando no Reino Unido, onde os gastos públicos representam 80% do total e acabando na África do Sul, onde os gastos públicos com saúde respondem por 56% do total. Outros países nessa lista são: França (79%), Itália (75%), Canadá (74%), Argentina (72%), Espanha (71%) e Chile (61%).
Entre 2010 e 2015, o estudo deixa claro que houve um avanço expressivo tanto dos gastos públicos quanto privados. No público, os gastos saltaram de R$ 139,7 bilhões para R$ 231,5 bilhões. Alta de 65,7%. Já no privado, os gastos avançaram de R$ 169,7 bilhões para R$ 314,6 bilhões – sendo R$ 120 bilhões apenas de despesas assistenciais dos planos de saúde com seus beneficiários. Variação de 85,4%. Ainda segundo o estudo, do total de gastos privados, 66,6% foram destinados à saúde privada (planos de saúde e despesas pagas do próprio bolso) e 30,1%, a medicamentos.
O aumento dos gastos também resultou em ampliação do mercado de trabalho. No período analisado, o setor de saúde privada foi responsável pela geração de 1,3 milhão de postos de trabalho com carteira assinada. No total, o segmento passou a responder por 6,6 milhões de empregos formais em 2015, ante 5,3 milhões em 2010. Um avanço de 25,4%, bastante superior ao incremento de 2,7% no total de postos de trabalho registrado no restante da economia ao longo do período analisado.
“Apesar de quaisquer diferenças entre os gastos públicos e privados, é importante notar que os investimentos no setor de saúde apresentaram uma taxa de crescimento médio real de 14,5% ao ano entre 2010 a 2015, enquanto a economia brasileira apresentou uma queda de 18,6%”, destaca Carneiro. “Claro que o setor ainda representa uma fatia muito pequena do investimento total da economia nacional, apenas 0,8% do R$ 1,06 trilhão, o que equivale a R$ 8,7 bilhões. Mas o resultado demonstra o potencial do setor para crescer e ajudar a economia como um todo”, completa.