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RICARDO ALBAN – PRESIDENTE DA FIEB

Redação - 07/11/2018 11:00

BE- Alban, o novo presidente do Brasil Jair Bolsonaro anunciou que vai unir três ministérios da área econômica formando um superministério. Essa medida pode prejudicar a gestão industrial do Brasil, ou vai beneficiar? Qual a posição da FIEB em relação a essa fusão?

RA- A fusão, simplesmente como fusão,não atende às necessidades da indústria, que requer um tratamento à parte, à semelhança do que acontece com o setor do agronegócio. A indústria vem perdendo participação no PIB brasileiro, nas últimas décadas, um forte indicador de que é necessária a definição de uma política setorial, capaz de criar as condições para que o empresário volte a acreditar que é possível investir sem sobressaltos.

BE- A indústria em 2018 teve um ano de muitos altos e baixos. Qualo balanço que o senhor faz desse ano para o setor?

RA- De acordo com os últimos dados disponíveis, até outubro de 2018, a indústria de transformação brasileira apresenta crescimento de 2,9% no acumulado do ano e de 3,6% em 12 meses (taxa anualizada). Esses dados devem ser analisados com cuidado, pois, embora sejam positivos, se dão sobre uma base de comparação deprimida, tendo em vista que a indústria foi o segmento mais afetado pela crise econômica, com elevadas quedas nos anos de 2014,2015 e 2016, em que acumulou uma retração da ordem de 19%. A recuperação iniciada em 2017 e em curso ainda não retorna ao nível de produção anterior. Por outro lado, a sinalização de crescimento é positiva na medida em que acreditamos que o pior já passou e iniciamos um novo ciclo de crescimento.

BE- Qual a expectativa para 2019 com uma nova gestão no Brasil?

RA- O Brasil passa por um momento histórico difícil, no qual há grandes desafios a serem enfrentados, tanto em medidas urgentes, quanto em medidas que garantam um crescimento econômico sustentado. Em 2019, certamente a economia vai continuar a crescer, pois acreditamos que o ciclo de baixa já se encerrou, no entanto, a velocidade de crescimento dependerá das medidas a serem promovidas pelo novo governo. Esperamos que sejam direcionados àmelhoria do ambiente de negócios nacional, sinalizando a todos os brasileiros que a gestão é responsável e comprometida com o setor produtivo e a estabilidade da economia.

BE- Qual a importância da reforma da Previdência para o setorem 2019?

RA- É a reforma mais urgente, pois a previdência vem comprometendo, de forma crescente, um volume grande de recursos. De acordo com recente avaliação de economistas do IPEA (Valor Econômico, 31/10), o Ministério do Planejamento projeta odéficit do Regime Geral da Previdência para 2018 em R$ 202,4 bilhões,enquanto o déficit primário total para o Governo Central é menor, R$ 150,8bilhões. Assim, há uma inequívoca necessidade de ajuste nas contas da Previdência.Ademais, o próprio modelo de sustentabilidade da previdência está em xeque, considerando o rápido envelhecimento da população. Por conta disso, há consenso de que essa reforma deverá ter prioridade em 2019. Contudo, outras reformas são de grande importância, tais como a administrativa e a tributária.

BE- Como a FIEB avalia as medidas do governo Temer para indústria/economia?

RA- Temer tomou algumas medidas importantes para a economia, como a reforma trabalhista e a PEC dos gastos. No geral, o grande mérito desse governo foi não ter deixado a economia entrar em colapso, com o avanço da inflação e do desemprego. Certamente, as condições econômicas para o próximo governo estarão melhores do que as que ele pegou quando assumiu o governo.

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