

A 19ª Alvorada dos Ojás, que este ano homenageia Oxalá, será realizada nesta sexta-feira (12), às 18h. Atividade político-religiosa que consiste na amarração de tecidos brancos sagrados em árvores da capital baiana, sempre no mês de novembro, a ação pede paz e respeito à liberdade de crença. A cada ano, um terreiro diferente recebe a Alvorada. Em 2025, o Ilê Axé Ejigbô foi escolhido.
Realizada há 19 anos pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN), entidade nacional de luta pelos direitos da população negra, a atividade deste ano homenageia, além do orixá Oxalá, as divindades Lissa e Lemba, respetivamente vodum e nkisse das nações Jeje e Angola. Para 2026, o ato pede que seja um ano marcado por voto consciente, que rejeite projetos extremistas que alimentam intolerância, racismo religioso e desinformação.
“Depois de afirmar a luz, nomeamos a urgência: a violência contra a juventude negra da Bahia rompe qualquer ética de sociedade. Que este chamado fortaleça escolhas capazes de proteger vidas, restaurar dignidades, e reposicionar a paz como compromisso coletivo. Sob Oxalá que acalma, Lissá que ilumina e Lemba que pacifica, que a Bahia reencontre serenidade e que a juventude negra viva”, destacou Pai Marcio Ferreira, babalorixá do Ilê Axé Ejigbô e coordenador jurídico do (CEN).
Todos os pedidos feitos na Alvorada são representados no ato de adornar as árvores soteropolitanas com os tecidos usados cotidianamente para cobrir a cabeça de adeptos do candomblé, durante os ritos religiosos. A amarração dos tecidos sagrados ocorrerá no Dique do Tororó, Campo Grande, Corredor da Vitória e no bairro de Cajazeiras XI, onde está localizado o terreiro anfitrião. Antes desse ato, no próprio templo escolhido, será realizada, a partir das 18h, a cerimônia de sacralização dos Ojas e saudações de várias lideranças sociais, políticas e religiosas, em caráter ecumênico.
“Sob nosso Pai Oxalá, buscamos a clareza que reorganiza caminhos. Sob nosso Pai Lissá, reconhecemos a luz que orienta ciclos. Sob nosso Pai Lemba, sustentamos a cura que integra corpo, espírito e território. A paz aqui é prática, método e governança do cuidado. Cada alá erguido declara confiança no futuro e no poder de transformar destinos”, destacou a coordenadora nacional de gênero do CEN, Iraildes Andrade.
Como tradicionalmente ocorre, os tecidos serão pintados em branco sobre branco, sob a liderança do artista plástico e presidente do Cortejo Afro, Alberto Pitta, que todos os anos elabora uma estamparia especial para a Alvorada dos Ojás e realiza a pintura dos panos no seu ateliê no Ilê Axé Oyá.
O evento é apoiado pela Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e Governo da Bahia, por meio da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (SEADES) e da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (SEPROMI).
Fotos: Yuri Silva
Fotos: Fafa M Araújo



