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PORTUGAL É DESTAQUE EM FESTIVAL COM PEÇAS EM CRÍTICAS A COLONIZAÇÃO E DITADURA

Redação - 08/09/2022 17:01 - Atualizado 08/09/2022

Em comemoração ao bicentenário da Independência brasileira, Portugal é o país convidado do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, que acontece de 9 a 18 de setembro em Santos. As peças selecionadas têm em comum um olhar crítico à história oficial portuguesa e ao processo de colonização.

A programação do festival, idealizado pelo Sesc São Paulo, inclui oito peças portuguesas e uma coprodução entre Portugal e Chile.

A obra “Brasa”, do artista performativo e visual Tiago Cadete, foca na questão de grupos migratórios entre Portugal e Brasil. O projeto reúne artistas brasileiros que migraram para Portugal, além de portugueses que já foram imigrantes no Brasil, partindo de relatos para refletir sobre os anseios dos migrantes.

Já a peça luso-chilena “Estreito/Estrecho” satiriza a figura do navegador português Fernão de Magalhães (1480-1521) e sua viagem à passagem natural entre Atlântico e Pacífico que agora leva o nome do explorador. O trabalho apresenta uma versão própria dessa história, refletindo sobre coloniais que ainda perduram.

“O nosso objetivo é que o festival tenha, além do encantamento e da proximidade com o público, uma oportunidade de reflexão e de olhar crítico para os processos históricos entre o Brasil e Portugal, ou antigos colonizadores e colonizados”, afirma Emerson Pirola, da gerência de ação cultural do festival Mirada.

“A colonização foi sobretudo um processo de violências, e isso precisa ser entendido, hoje, na medida de suas consequências no presente. Que o festival seja, então, um espaço para que os corpos que até hoje sofrem as consequências desse processo possam contar também as suas histórias”, completa.

As produções “Os Filhos do Mal” e “Viagem a Portugal, última paragem ou o que nós andámos para aqui chegar” trazem uma abordagem mais política, apresentando memórias e consequências do regime salazarista e da Revolução dos Cravos, que em 1974 acabou com a ditadura.

“A circulação de artistas não apenas de Portugal, abre espaço para outras perspectivas históricas e nos conecta diretamente com o continente africano e é fundamental no entendimento da nossa sociedade, formada pela relação colonial com características herdadas ainda de um mundo que se organizava pela lógica imperialista”, reflete Emerson Pirola, da gerência de ação cultural do Mirada.

Ao todo, o festival traz 36 peças de 13 países, incluindo espetáculos para o público infantil. As apresentações acontecem em vários espaços, incluindo o Sesc em Santos.

Foto: José Caldeira/Divulgação Festival Mirada

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