

Copom sem surpresas. Decisão de manutenção da taxa Selic em 15% já era amplamente aguardada pelo mercado e realmente foi o que aconteceu. Foi uma decisão unânime, totalmente dentro do esperado.
A grande dúvida era em relação à comunicação. E a comunicação veio muito em linha com o último comunicado, bastante duro, porque a gente já imaginava o Copom deixando aberta a possibilidade de corte de juros para os próximos meses, mas ele não fez isso. Pelo contrário, manteve uma comunicação dura, dizendo que essa política contracionista de juros tem que ficar por um período bastante prolongado, e isso faz com que aquela chance de cortar os juros na próxima reunião de janeiro, fique descartada, na minha opinião.
Certamente aqui o que chamou mais atenção, na minha visão, foi que todo o mercado vinha aqui na expectativa justamente desse comunicado e como eles não retiraram esse trecho sobre os juros poderem ficar mais elevados por um período bastante prolongado, tivemos um tom hawkish.
Para a próxima reunião, em janeiro, certamente acredito que teremos uma manutenção de juros de novo. Então, o Copom aqui não deixa aberta essa possibilidade para cortar juros em janeiro. Então, esse tom duro joga para março só a possibilidade de corte. Então, primeiro o comitê vai ter que, na reunião de janeiro, precisar ajustar o discurso e vai ter que justificar aqui essa possibilidade de corte de juros para mais para frente, para março.
Para a abertura dos mercados amanhã, o mercado deve sentir um pouco esse tom duro. Tivemos divulgação recente do PIB mostrando uma desaceleração, a gente teve a divulgação do IPCA hoje mostrando um dado abaixo da expectativa. Quando a gente olha ali 12 meses, a inflação vem dentro do teto da meta, então a gente já vinha ali de um ambiente construtivo para essa queda de juros em janeiro e o comunicado de hoje tira essa possibilidade, então amanhã pode ser um dia de ressaca. A gente pode ter um movimento de realização nos mercados, que hoje foi positivo em função do cenário externo também e a gente pode ter um dólar um pouco mais pressionado. Os juros futuros, principalmente, o juros futuro curto deve ter uma subida no dia de amanhã, então deve ser um dia um pouco mais complicado e digerindo esse tom ainda duro do Copom.
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto



