

O homem criou o dinheiro há séculos, desde que percebeu que o escambo, a troca de uma mercadoria por outra, não era um meio eficiente de comércio. E, desde então, o dinheiro já foi representado pelo sal, de onde provém a palavra salário; pelo boi, e daí vem a palavra pecuniário; pelos metais preciosos, pelas moedas cunhadas e por muitos outros meios de pagamentos. Até que a China percebeu ser inadequado e pesado carregar metais e inventou o dinheiro em papel, que se disseminou pelo mundo.
Pois bem, o Brasil seguiu os passos da China e criou uma nova forma de dinheiro, um novo meio de pagamento – rápido, barato e universal –, o PIX, e está tornando o dinheiro físico obsoleto.
Por causa do Pix, saques e pagamentos em espécie se reduziram dramaticamente, cartões perderam espaço em vários usos e várias funções e isso com custo zero para as pessoas físicas. O PIX dinamizou a economia, simplificou as transações comerciais e integrou financeiramente milhões de pessoas que estavam fora do mercado bancário. É um instrumento melhor do que o tradicional cartão de crédito para consumidores e comerciantes, pois acaba com o intermediário, aumentando a margem de lucro do comerciante e diminuindo o custo para o consumidor.
Mas o Pix não tirou só importância do cartão de crédito, tirou também dos bancos e aumentou a liquidez da economia, viabilizando novos consumidores para o comércio eletrônico e formalizando transações que antes eram feitas em espécie.
As vantagens do PIX são muitas. É um meio de pagamento imediato e de curso obrigatório, portanto, igual ao dinheiro e ao cartão. E já temos vários tipos de Pix, o automático, o parcelado, o agendamento, integrado com cobranças e marketplaces e outros usos que ampliam sua abrangência tornando-o um substituto direto de vários usos do dinheiro e do cartão. E ainda coíbe o processo de corrupção financeira e de sonegação, pois todas as transações são rastreadas. Claro. há aqueles que reclamam do fim da privacidade, mas, no mundo da internet, da biometria e do smartphone, privacidade já não existe mais.
Na verdade, o PIX é uma tecnologia disruptiva e vai resultar, à medida que se internacionaliza, no fim do dinheiro em papel. Imagine o leitor, um mundo em que os sistemas de pagamento instantâneo dos países — Pix no Brasil, Fed Now, criado em 2023 nos EUA; TIPS, criado na Europa; UPI, sistema de pagamentos instantâneos da Índia, na Índia e outros — sejam interligados por protocolos comuns, permitindo transferências internacionais em segundos, com custo quase zero e conversão automática entre moedas. Seria nas finanças, algo comparável ao que o Whatzapp fez com a comunicação: não importa em que país você está, o dinheiro chega na hora e no mesmo formato.
O mundo então será outro, com um sistema financeiro barato, rápido e descentralizado, sem o monopólio operacional do dólar, com reservas internacionais mais flexíveis e moedas nacionais competindo como se fossem plataformas digitais. Dá até um certo orgulho, saber que o futuro do mundo financeiro foi criado pelo Brasil.
SOBRE O PLANSERV
O Planserv, plano de saúde dos servidores estaduais, tem quase 600 mil beneficiários e inadimplência zero. Por isso, se for bem administrado, não tem porque dar prejuízo. Apesar disso, o atendimento é cada vez mais precário e no ano passado a receita foi de R$ 2 bilhões enquanto a despesa foi de R$ 2.2 bilhões. O governo do Estado colocou um novo gestor, que parece entender do assunto, e apresentou agora uma proposta que inclui a fixação de um percentual único para os beneficiários, o que é importante. Mas precisa vir também com a melhoria dos serviços e o aumento da contribuição do Estado que era de 5% e hoje é de apenas 2,5%. Esse percentual precisa ser recomposto.
SOBRE O PLANSERV II
A reestruturação do Planserv precisa vir com a ampliação da rede de credenciados, e o abandono da ideia equivocada de concentrar tudo em rede própria, tipo Hospital de Brotas. Se for ampliada a rede de credenciados, pode-se acabar com o famigerado sistema de cotas, que só existe porque a rede é pequena. Para isso é necessário: aumentar a contribuição do beneficiário; aumentar o aporte do governo; reajustar anualmente a prestação de serviços e pagar aos credenciados em dia. Feito isso, se houver boa gestão e não houver interferências políticas e nem a pressão política dos prestadores de serviços, o plano se sustenta. É preciso profissionalizar a gestão, de um lado e de outro.
Publicado no jornal A Tarde em 27/11/2025