terça, 25 de novembro de 2025
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ESCRITOR BAIANO FARÁ LANÇAMENTO DE LIVRO E PROJETO EDUCATIVO EM MAPUTO, NA ÁFRICA 

João Paulo - 25/11/2025 11:03

O poeta e escritor de literatura negra, Atanael Barros, cruza o Atlântico para um encontro ancestral na África, berço da humanidade. O baiano desembarca em Maputo, capital de Moçambique, no dia 01 de dezembro, para ministrar o projeto “Afropoetizando – Mar Ancestral”, que inclui o lançamento Internacional do seu segundo livro “Preto da Realeza”, entrelaçado a outras três ações: oficina de escrita, performances poéticas e produção de documentário. As atividades serão abertas ao público e conta com apoio da Secult/Ba.

O escritor, que defende uma educação afrocentrada e antirracista, utiliza a sua obra e de outros autores negros como referências didáticas e pedagógicas para alcançar a juventude moçambicana, que assim como os brasileiros, tem o português como língua oficial – fruto do processo de colonização europeia. Com discussões pautadas no fortalecimento de identidades negras e letramento racial, Atanael busca romper com a herança escravocrata e se conectar às raízes da cultura afro-brasileira.

“Esse intercâmbio é mais que uma oportunidade: é a chance de aprender com os meus, absorver todo aprendizado possível e compartilhar com os próximos, pois o nosso conhecimento é ancestral e isso ninguém rouba da gente. Sempre foi um sonho conhecer o continente africano e essa experiência será um grande diferencial para a minha pesquisa e carreira artística”, disse.

A execução do projeto também conta com oficina de escrita criativa sobre a literatura negra, onde os participantes serão convidados a resgatar memórias e refletir sobre suas vivências. Para dar corpo e sentido às narrativas, expressões como a dança, música e vestimentas vão permear as oratórias, que terão uma metodologia baseada na escuta ativa e sensibilidade, priorizando uma abordagem antirracista e decolonial.

“A oficina promoverá um ambiente horizontal e afetivo pautado na troca de saberes e no reconhecimento da ancestralidade, onde o conhecimento se construirá a partir das experiências individuais e coletivas. Os temas trabalhados incluirão o racismo estrutural e a importância da palavra como ferramenta de transformação social. As atividades serão conduzidas com base em músicas, poesias e textos de autoria negra, além de momentos de criação livre de poemas e textos autorais”.

O percurso do poeta pelo país africano – que mantém fortes relações diplomáticas com o Brasil –, encerra no dia 11 de dezembro. O resultado dessa imersão afrodiaspórica será contado em um documentário que será exibido em três regiões identitárias da Bahia: Portal do Sertão, Região Sisaleira e o Litoral Norte e Agreste Baiano, além de servir de inspiração para o terceiro livro de Atanael.

“Toda essa agitação cultural e o intercâmbio vai contribuir para a escrita do meu próximo livro e reforçará a potência das palavras na construção de futuros possíveis, evidenciando que resistir também é criar, lembrar e contar as próprias histórias. O projeto, portanto, não apenas cumprirá um papel formativo, mas também político e cultural, ao reafirmar a importância da escuta, da memória e da criação como práticas pedagógicas essenciais para uma educação verdadeiramente antirracista”.

O projeto “Afropoetizando – Mar Ancestral: o mais próximo de casa” tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia através do edital Mobilidade Cultural 2025. Parcerias: Flotar Plataforma, OMI Plataforma, Mercado das Indústrias Culturais e Criativas de Moçambique, Instituto Guimarães Rosa – Embaixada do Brasil em Moçambique, no marco do cinquentenário das relações diplomáticas entre os países.

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