

A estratégia de regionalização do Pix pode ser bem-sucedida para diminuir a dependência regional ao pagamento em dólar, avalia Luiz Awazu Pereira, ex-diretor de Política Econômica do Banco Central (BC) e ex-secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda.
“Pix pode ser estratégia não apenas doméstica, mas se tornar infraestrutura de liquidação e pagamento em comércio intrarregional”, afirmou ele, durante webinar da Fundação FHC nesta quarta-feira, 19, sobre “A economia internacional e o futuro do dólar”
Awazu considera que o Pix entrou na mira do governo Donald Trump porque é uma tecnologia barata, instantânea, segura e que consegue se desenvolver em nível regional. “Então obviamente é olhado com certa desconfiança por quem quer manter a dominação da própria moeda, mesmo marcando gol contra toda semana”, acrescenta, pontuando que Trump tem tomado atitudes contrárias à própria valorização de sua moeda a partir de desdobramentos financeiros, fiscais, comerciais e políticos.
Stablecoins como alternativa ao dólar
O uso de stablecoins, criptomoedas pareadas em algum ativo ou cesta de ativos estáveis, aparentemente pode ser uma alternativa ao pagamento em dólar direto. Contudo, paradoxalmente – inclusive sendo uma estratégia alternativa do governo Donald Trump -, a stablecoin é uma espécie de dolarização 2.0, porque aumenta a demanda de ativos em dólar para lastreio, afirma Luiz Awazu Pereira. “Stablecoin em dólar só demanda mais dólar como lastro” seja em caixa ou em algum ativo de risco zero, como Treasuries, disse durante webinar da Fundação FHC nesta quarta-feira, sobre “A economia internacional e o futuro do dólar”.
Segundo Awazu, o dólar segue no centro do sistema internacional porque domina três características: uso como reserva cambial, uso em transações comerciais, e uso no sistema financeiro.
Na mesma linha, Otaviano Canuto, ex-diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) e ex-secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, reforça que a tendência de ter stablecoin baseado em dólar tende a aumentar a demanda por títulos do Tesouro dos EUA, favorecendo a divisa norte-americana.
Fonte: Estadão Conteúdo
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