

Tradicionalmente dedicado à saúde masculina e à prevenção do câncer de próstata, o Novembro Azul representa uma oportunidade para ampliar o diálogo sobre uma outra patologia que também afeta os homens, o câncer de mama masculino. Embora represente apenas 1% dos casos da doença, o diagnóstico em homens frequentemente ocorre em estágios avançados devido ao tabu e à desinformação.
A mastologista Marinalva Medina enfatiza a importância do reconhecimento precoce, alertando sobre os sintomas: “O aumento das chances de cura está diretamente ligado à identificação inicial. É vital que os homens conheçam a própria anatomia, observem qualquer alteração na região peitoral e busquem avaliação médica sem hesitação diante de um sinal suspeito.” Os sinais são similares aos femininos, sendo o mais comum o surgimento de um nódulo endurecido, geralmente indolor, perto da aréola. Outros alertas incluem retração do mamilo, secreção (especialmente com sangue) e alterações na pele da mama.
A médica alerta que, embora o tumor masculino possa ser percebido mais facilmente devido ao pequeno volume de tecido, ele pode invadir estruturas vizinhas mais rapidamente se não for detectado cedo. Fatores de risco relevantes incluem idade avançada (acima dos 60 anos), histórico familiar (mutações BRCA1/BRCA2) e obesidade.
Sobre o tratamento, a oncologista Mayana Lopes explica que o princípio terapêutico é o mesmo das mulheres, mas com algumas particularidades. “A cirurgia geralmente exige uma mastectomia total. A terapia hormonal, quando indicada para tumores positivos, e o uso de quimioterapia/radioterapia seguem critérios estabelecidos. A principal diferença reside na abordagem psicossocial, onde o acolhimento é fundamental para superar o estigma associado ao diagnóstico.”
Dra Mayana lembra que o câncer de mama não reconhece gênero. “Incluir este tema no Novembro Azul, quando se fala muito sobre a saúde masculina, é um passo importante para quebrar estigmas e garantir que todos os homens tenham acesso ao diagnóstico precoce, um fator determinante para a sobrevida”.