

Doença que já causou a morte de 7.241 pessoas na Bahia nos últimos cinco anos, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o câncer de próstata cresce lentamente e pode não apresentar sintomas em estágios iniciais. Quando avança, no entanto, pode causar dificuldade e necessidade frequente de urinar, sangue na urina, dor persistente, cansaço e emagrecimento excessivo. Por isso, o acompanhamento médico a partir dos 50 anos, para homens sem sintomas e sem fatores de risco, e dos 40 a 45 anos, para aqueles com histórico familiar da doença, é de extrema importância.
Um dos exames que podem auxiliar na detecção inicial, juntamente com o toque retal e o PSA (Antígeno Prostático Específico), é a ultrassonografia da próstata, método que utiliza ondas sonoras de alta frequência para criar imagens em tempo real da próstata e das estruturas adjacentes, como as vesículas seminais e a bexiga. Ela pode ser feita por via abdominal ou transretal, a depender da necessidade de investigação médica.
A radiologista Carolina Neves, gestora médica do Serviço de Imagem do Sabin Diagnóstico e Saúde, explica que o exame de imagem, que deve ser solicitado por um médico urologista, é indicado quando há uma suspeita ou necessidade clínica específica — como resultados alterados no toque retal, que é um exame físico para avaliar a saúde da próstata e do reto; níveis elevados ou em ascensão do PSA, proteína produzida pela próstata e avaliada por meio de exame de sangue; monitoramento de condições prostáticas já diagnosticadas; e histórico familiar de câncer de próstata, que é o segundo mais comum entre os homens no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Nesse último caso, conforme a especialista, o rastreamento inicial foca no PSA e no toque retal, e a ultrassonografia é solicitada se houver achados suspeitos.
“A frequência para a realização da ultrassonografia será determinada pelo médico urologista, com base no perfil de risco e nos resultados de exames anteriores de cada paciente”, informa Carolina, destacando que o exame contribui para a detecção precoce de doenças prostáticas porque permite identificar anormalidades ao visualizar alterações na forma, tamanho e estrutura interna da próstata, como nódulos e áreas com ecogenicidade irregular, que podem ser sugestivas de malignidade ou de outras patologias.
Além disso, ela explica que o método pode guiar biópsias precisas: “Em casos de suspeita, a ultrassonografia transretal de próstata (TRU) é fundamental para orientar a coleta de fragmentos de tecido de áreas específicas da glândula. Essa precisão aumenta significativamente as chances de diagnosticar um câncer em estágio inicial, caso ele esteja presente. O exame também auxilia na avaliação da extensão local do tumor dentro da próstata ou das vesículas seminais, o que é crucial para o estadiamento e o planejamento do tratamento”.
Ela acrescenta que a ultrassonografia da próstata ajuda a monitorar o crescimento da glândula conhecida como Hiperplasia Prostática Benigna (HPB). “Embora não seja câncer, a HPB pode apresentar sintomas semelhantes e também precisa de monitoramento. A ultrassonografia mede o volume da próstata, ajudando a diferenciar e acompanhar a HPB, o que pode liberar o paciente de uma preocupação maior, se o aumento for benigno”, pontua a médica. O exame também pode ser utilizado para avaliar a infertilidade masculina, já que permite investigar obstrução nos ductos ejaculatórios (tubos pareados do sistema reprodutor masculino) ou alterações nas vesículas seminais.
Diferença entre a ultrassonografia da próstata abdominal e a transretal
A gestora médica do Serviço de Imagem do Sabin explica que a ultrassonografia da próstata por via abdominal é feita com o transdutor colocado sobre a parte inferior do abdômen, acima do osso púbis. “O paciente geralmente precisa estar com a bexiga cheia para que ela sirva de ‘janela’ acústica para visualizar a próstata”, orienta a especialista, destacando que o exame tem como vantagens ser menos invasivo e mais confortável para o paciente. Ele é mais útil para medir o volume geral da próstata e avaliar o resíduo pós-miccional da bexiga.
Para realizar a ultrassonografia transretal, é introduzido um transdutor pequeno e lubrificado no reto do paciente, o que pode causar algum desconforto ou sensação de pressão. Apesar disso, o método é o preferido para guiar biópsias da próstata. “A vantagem desse exame é proporcionar imagens de alta resolução e detalhamento da próstata, das vesículas seminais e das áreas adjacentes, devido à proximidade do transdutor com a glândula. Ele também permite uma avaliação mais precisa da arquitetura interna da próstata, identificação de nódulos, calcificações e análise do fluxo sanguíneo”, informa.
Carolina destaca os avanços tecnológicos recentes que tornaram a ultrassonografia prostática mais precisa e confortável, com transdutores de alta frequência que permitem obter imagens com maior resolução e detalhe, facilitando a identificação de pequenas lesões, além da elastografia — técnica que avalia a rigidez dos tecidos. “Tumores malignos tendem a ser mais rígidos que o tecido prostático normal. A elastografia pode ajudar a identificar áreas suspeitas e aumentar a precisão da biópsia”, pontua.
Foto: Marcos Welber/ Acervo Sabin



