segunda, 27 de outubro de 2025
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PF SUSPEITA QUE EMPRESÁRIO DO AGRONEGÓCIO BAIANO PAGOU R$ 26 MILHÕES POR SENTENÇA

Bruna Carvalho - 27/10/2025 13:33 - Atualizado 27/10/2025

A Polícia Federal investiga o empresário João Antônio Franciosi, dono do Grupo Franciosi, por suspeita de pagar R$ 26 milhões para comprar uma decisão judicial no Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI). De acordo com relatório obtido pela PF, o desembargador José James Gomes Pereira teria sido beneficiado no esquema, que envolvia uma disputa por uma fazenda de 22,5 mil hectares no estado.

Segundo o documento, entre setembro de 2023 e agosto de 2024, Franciosi transferiu R$ 106,3 milhões à empresa Villa Bella das Furnas Participações e Negócios Ltda, de Paulo Augusto Ramos dos Santos. Parte do valor — cerca de R$ 26 milhões — foi repassada aos advogados Juarez Chaves e Germano Coelho, apontados como intermediários da propina junto ao gabinete do magistrado.

“Para implementar seu objetivo, pagou, no período de 04/09/2023 a 14/08/2024, a Juarez R$ 16.984.480,00 (7 PIX) e a Germano R$ 9.221.980,00 (9 PIX)”, cita o relatório da PF, que afirma haver “fortes indícios” de ligação entre os repasses e a decisão favorável à empresa Sundeck Holding Ltda.

Com o êxito judicial, a Sundeck teria transferido os direitos sobre a fazenda para a Villa Bella, que posteriormente repassou o imóvel ao Grupo Franciosi. Os sócios da Sundeck, Suzana Pasternak Kuzoiltz e Jacyr Pasternak, também são investigados.

Ligação com a Operação Faroeste
Franciosi é réu na Operação Faroeste, que apura um esquema de venda de sentenças na Justiça baiana. Em 2022, um trator do grupo foi destaque no Desfile de 7 de Setembro, em Brasília, em apoio à reeleição do então presidente Jair Bolsonaro (PL), conforme revelou a Agência Pública.

A coluna tentou contato com as defesas de João Franciosi, do desembargador José James e de sua filha, Lia Rachel, além dos demais investigados, mas não obteve retorno até a publicação.

O que diz Paulo Augusto Ramos dos Santos
Em nota, Paulo Ramos negou qualquer irregularidade e afirmou que toda a movimentação financeira da empresa é lícita e declarada ao fisco:

“O advogado e empresário Paulo Ramos reafirma que sempre atuou de forma transparente e dentro da legalidade, contratando parceiros em todo o Brasil com serviços formalizados e pagamentos devidamente declarados. Ele destaca que jamais participou ou compactuou com qualquer conduta ilícita. A movimentação financeira de sua empresa é lícita e integralmente declarada ao fisco. As transferências feitas a advogados investigados ocorreram após os fatos sob apuração e se referem a outros serviços sem relação com a investigação. Paulo Ramos reforça sua confiança nas instituições e está à disposição das autoridades para que a verdade prevaleça”.

Foto: Divulgação/ Grupo Franciosi

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