segunda, 27 de outubro de 2025
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ECONOMIA BAIANA SENTE EFEITOS DO TARIFAÇO E REGISTRA QUEDA DE ARRECADAÇÃO NO TERCEIRO TRIMESTRE

Victoria Isabel - 27/10/2025 17:00

A economia da Bahia registrou retração no terceiro trimestre de 2025, acompanhando o desempenho negativo do PIB nacional entre abril e julho, que só apresentou leve recuperação de 0,7% em agosto. De acordo com levantamento feito pelo Instituto de Auditores Fiscais da Bahia (IAF Sindical), o principal fator para a desaceleração foi o impacto do tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, atingindo diretamente parte da produção baiana de soja, algodão, cacau, celulose e derivados de petróleo.

Ainda segundo o IAF Sindical, o reflexo foi sentido especialmente nos setores industrial e de serviços — como comunicações, energia e transportes —, o que resultou em queda real de 2,01% na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) entre julho e setembro, totalizando R$ 10,24 bilhões frente aos R$ 10,45 bilhões arrecadados no mesmo período de 2024. O imposto representa cerca de 90% das receitas tributárias do Estado.

Entre os segmentos mais afetados estão o de Petróleo (-4,17%), Indústria de Bebidas (-7,84%), Mineração e Derivados (-6,6%) e Indústria Química (-13,35%). Já o setor atacadista apresentou leve retração (-1,12%), compensada por um pequeno avanço no Varejo (1,24%) e crescimento expressivo nos Supermercados (13,37%), impulsionado pela manutenção do consumo de alimentos, embora a demanda por bebidas e bens duráveis tenha caído.

No acumulado de janeiro a setembro, contudo, a arrecadação do ICMS ainda apresenta ganho real de 1,94%, somando R$ 30,837 bilhões, ante R$ 30,251 bilhões registrados no mesmo período de 2024. O resultado foi favorecido pela recuperação de créditos tributários ocorrida nos primeiros meses do ano, em função da anistia fiscal. Ainda assim, permanecem em queda os segmentos de Petróleo (-8,73%), Serviços de Transporte (-13,64%) e Utilidade Pública (-4,18%).

A manutenção da taxa Selic em patamar elevado — com juros reais próximos de 10% ao ano — tem sido apontada como um dos principais entraves à retomada econômica, ao inibir a demanda por crédito, o consumo de bens duráveis e novos investimentos. A incerteza fiscal e o desequilíbrio das contas públicas também são fatores que desestimulam investidores e dificultam a geração de empregos e renda no estado.

Josias Menezes, diretor de Assuntos Econômicos e Financeiros do IAF Sindical, também destaca a crise enfrentada pela Braskem, impactada pelo alto custo da nafta e pela falta de investimentos no Polo Petroquímico de Camaçari, que, segundo ele, atravessa um processo de sucateamento e perda de relevância para a economia baiana.

“O cenário demanda um esforço conjunto entre o Estado, o setor produtivo e as instituições de fomento. Precisamos de um plano estratégico que envolva as federações da indústria, comércio e agricultura, além do SEBRAE e do CIMATEC, para aproveitar melhor nossas potencialidades e ampliar a base produtiva. Sem crescimento econômico, não há como sustentar o aumento da arrecadação nem atender às demandas por infraestrutura e serviços públicos de qualidade. Há também a importância de fortalecer os órgãos de pesquisa e extensão rural e de garantir a atuação efetiva de agentes de fomento como a Desenbahia e o Banco do Nordeste, canalizando recursos do BNDES, FINEP e FNE para novos empreendimentos”, afirmou.

 

Foto: José Cruz/Agência Brasil

 

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