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NOVEMBRO AZUL: BAHIA TEM A SEGUNDA MAIOR INCIDÊNCIA DE CÂNCER DE PRÓSTATA DO PAÍS

João Paulo - 23/10/2025 12:49

Idade, etnia (afrodescendentes têm mais predisposição para a doença), tabagismo, obesidade, sedentarismo, alimentação inadequada (rica em gorduras, carboidratos e ultraprocessados e pobre em fibas), além dos fatores genéticos hereditários, são fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata. A prática regular de atividade física, a manutenção do peso adequado e uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras, legumes e carnes magras são hábitos considerados protetivos.

A Bahia é o estado brasileiro com a segunda maior incidência de câncer de próstata com estimativa de 6.510 novos casos para 2025, sendo 1.200 em Salvador, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). No Brasil, a estimativa é que 71.730 brasileiros tenham o diagnóstico da doença neste ano. Tipo mais comum de tumor em homens (sem considerar o câncer de pele não melanoma), o câncer de próstata responde por 28,6% das mortes da população masculina acometida por algum tipo de neoplasia maligna, segundo o Ministério da Saúde. “O Novembro Azul tem a proposta de conscientizar a população masculina sobre a importância dos cuidados com a saúde e do diagnóstico precoce do câncer de próstata”,  afirma o oncologista Rafael Batista, da Oncoclínicas. O médico destaca que homens afrodescendentes têm maior propensão para desenvolvimento da doença. “Com a maior população negra do Brasil, as estatísticas da doença na Bahia refletem essa realidade. Além da maior propensão, o tumor costuma evoluir de forma mais agressiva entre os afrodescendentes”, ressalta o especialista.

Em seu estágio inicial, a doença costuma ser silenciosa, e, geralmente, só apresenta sintomas quando já está em fase mais avançada.  Dificuldade para urinar seguida de dor e/ou ardor, gotejamento prolongado no final, frequência urinária aumentada durante o dia ou à noite são alguns dos sinais mais comuns. “Mesmo pacientes mais jovens e sem fatores de risco devem ter atenção aos sinais e procurar ajuda especializada para investigar o quadro”, esclarece o oncologista André Bacellar, da Oncoclínicas.

A oncologista Carolina Rocha, da Oncoclínicas, explica que em fase mais avançada, pode ocorrer a presença de sangue no sêmen, dor óssea, impotência sexual, além de outros desconfortos decorrentes de quadros de metástases.

Exame que dura 5 a 15 segundos pode salvar vidas

“A desinformação e o preconceito ainda prejudicam muito o combate à doença, pois uma parcela dos homens rejeita os exames de rastreamento, como o exame de toque retal, fundamental para o diagnóstico precoce”, destaca o oncologista André Bacellar. “O exame de toque dura de 5 a 15 segundos e é fundamental para detectar alterações que não conseguem ser identificadas apenas pelo exame de PSA”, acrescenta.

“O tumor, geralmente, não apresenta sintomas no início e, por isso, os exames de rastreamento são os principais aliados para impedir um diagnóstico tardio, quando as chances de sucesso do tratamento são reduzidas”, afirma a oncologista Carolina Rocha “Quando detectado e tratado em fase inicial, o tumor pode ter mais de 90% de chances de cura”, lembra a médica.

A recomendação é que homens a partir dos 50 anos busquem um urologista para avaliação médica individualizada, o que inclui a realização do exame clínico (toque retal) e o teste de antígeno prostático específico (PSA), anualmente, para rastreamento da doença. “Em casos específicos, como homens que têm histórico familiar da doença e homens negros, o médico pode antecipar a indicação dos exames de rastreamento para a partir dos 40 ou 45 anos”, esclarece o oncologista Rafael Batista.

Vigilância ativa e tratamento individualizado

O tratamento do câncer de próstata é individualizado e depende da idade do paciente, estadiamento da doença (localização, grau de extensão e o quanto o tumor pode estar afetando outros órgãos) e do seu potencial de agressividade. O paciente deve ser esclarecido sobre os riscos e benefícios da indicação terapêutica.

Nem todos os casos requerem um tratamento oncológico imediato, que envolva procedimento cirúrgico, quimioterapia e radioterapia. Para tumores iniciais e com características de baixa agressividade, o acompanhamento vigilante com consultas e exames periódicos deve ser discutido com o paciente, uma vez que é possível poupá-lo de algumas toxicidades que o tratamento pode causar. “A cirurgia, a radioterapia associada ou não ao bloqueio hormonal e a braquiterapia (também conhecida como radioterapia interna) podem ser realizadas com boas taxas de resposta nos outros casos da doença localizada”, finaliza Rafael Batista.

Crédito das fotos: Freepik

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