“Onde estão as árvores que Bruno Reis e ACM Neto juram ter plantado em Salvador?” — foi assim que o deputado estadual Marcelino Galo resumiu, em uma frase, o que ele classificou como uma farsa ambiental que se arrasta há anos. Segundo o parlamentar, os casos se acumulam e a Prefeitura não deu explicação nem sobre o escândalo revelado há poucos dias, nem sobre os anteriores.
Galo citou como exemplo o episódio mais recente, que envolve o indiciamento da concessionária do Aterro Metropolitano Centro por crime ambiental. Mesmo diante da investigação, afirmou, a gestão de Bruno Reis renovou por mais vinte anos um contrato bilionário com a empresa.
Antes disso, lembrou, relatos publicados pela imprensa já mostravam que a Prefeitura desembolsou mais de R$ 75 milhões, entre 2022 e 2024, para a Eco Irrigação e Jardins Ltda., supostamente responsável por jardinagem e plantio de mudas.
O deputado reproduziu esses relatos ao destacar um detalhe incômodo: ninguém encontra essas árvores. Segundo ele, o georreferenciamento prometido há quase uma década nunca saiu do papel, e Salvador continua entre as capitais menos arborizadas do país, de acordo com o IBGE.
Na avaliação de Marcelino Galo, esses episódios não são fatos isolados, mas parte de um padrão em que contratos milionários sob suspeita se sobrepõem ao interesse público. Ele lembrou que, em nível nacional, o governo Bolsonaro — aliado de ACM Neto e Bruno Reis — ficou marcado por abusos ambientais.
O parlamentar ressaltou que foi durante a gestão Bolsonaro que o então ministro Ricardo Salles cunhou a frase “passar a boiada”, símbolo da devastação acelerada, do desmonte das políticas de proteção e da conivência com o desmatamento ilegal. Segundo ele, o Brasil assistiu ao aumento das queimadas, à explosão do garimpo ilegal e à fragilização dos órgãos de fiscalização.
Para Galo, ao se alinhar a esse projeto, Bruno Reis e ACM Neto reproduzem em Salvador a mesma lógica bolsonarista: negligenciam a preservação ambiental, favorecem grupos privados e tratam a natureza como obstáculo ao lucro.
Na prática, segundo ele, constroem uma Salvador cinza, sufocada pelo concreto, que renega sua paisagem e ignora a emergência climática. Não por acaso, Gallo observou, o apelido de “Bruno Motosserra” já caiu no gosto popular: um prefeito que trata a cidade como mercadoria, e não como lugar de vida.