Bahia Econômica – Como o senhor avalia o processo de condução da concessão da BR 324/116, no âmbito da ANTT e do Ministério dos Transportes? O sr. está otimista no sentido da Bahia ter uma empresa séria e comprometida gerindo a rodovia?
Eduardo Salles – Olha, eu acredito que houveram problemas ao longo desses 15 anos entre a ANTT e Ministério de Transportes. A antiga administração das BRs 324 e 116 passou muito tempo não gerindo as estradas e os problemas se acumularam muito. Uma irresponsabilidade. Mas temos que apagar, passar uma borracha, até porque eu também não concordo com o pagamento de quase 900 milhões de indenização para uma empresa dessa, irresponsável. Mas a gente tem que passar uma borracha. Eu estou otimista, sim, Temos visto as melhorias na qualidade do asfalto, recapiamento em diversas áreas, quilômetros e quilômetros já recapeados. A Via Bahia deixou 6 mil buracos só entre Salvador e Feira de Santana, um caos total instalado, não é fácil corrigir esse caos, tem sido corrigido pelo DNIT e a gente está otimista sim de que vamos agora ter uma licitação em breve e que venha uma empresa séria, outro dia eu passei pela rodovia que liga a Bandeirantes, que liga Campinas a São Paulo, também na mesma quilometragem, 100 km, com pistas boas, uma concessão muito bem feita para uma empresa que inclusive presta um grande serviço, perguntei a várias pessoas lá, então espero que uma empresa dessa correta, séria, comprometida venha trabalhar pela Bahia, é esse o meu desejo, esperamos que efetivamente isso aconteça, vamos agora ter uma sequência que é essa licitação e até junho do ano que vem espero ter um empresa séria trabalhando essa estrada na Bahia.
Bahia Econômica – Em relação à Ferrovia Centro Atlântica, como o sr. avalia a renovação da concessão em relação aos pleitos da Bahia?
Eduardo Salles – A ferrovia Centro Atlântica é uma espinha dorsal muito importante que liga o sudeste ao nordeste e tem que ser dado uma devida atenção. Por quê? Porque mais uma concessionária irresponsável, que foi a VLI, recebeu a concessão dessas ferrovias ao longo desses 15 anos, nada fez, abandonou praticamente todos os trechos e ela tem agora que ter a responsabilidade dela de devolver tudo como era, ou então, efetivar melhorias dentro de um trecho que seja aprovado. O que eu estou vendo aí nessa negociação da VLI com o governo não tem me agradado, confesso que não tem me agradado, porque eu vi, que alguns gargalos importantes como entornos, contornos, rampas de velocidade, dois trechos ali em Cachoeira, que não estão sendo contemplados dentro do pagamento da indenização da VLI. Então, isso é um absurdo. Eu acho que nós temos que protestar para que todo os prejuizos deixados pela VLI sejam pagos na indenização e essas obras não sejam feitas com dinheiro público. Essa é a minha opinião.
Bahia Econômica – E a questão da Fiol e da Bamin? O Sr. não acha que a Assembleia deveria ir mais a Brasília pressionar para a solução da questão. Sem a Fiol 1 concluída e sem o porto o corredor Fico/Fiol estará comprometido.
Eduardo Salles – É importante sempre colocar que a Assembleia Legislativa tem os limites dela. Nós falamos de Estado, nós temos entrado em muitas brigas federais, mas a nossa limitação é o Estado da Bahia, então a FIOL e o Porto Sul é uma obra federal. Nós temos cobrado sempre efetivamente, trouxemos aqui o presidente da BAMIM em audiência na Comissão de Infraestrutura que eu presido, nós temos tratado esse assunto com atenção, buscando, mesmo não sendo, volto a reafirmar, um assunto estadual, mas temos trabalhado direto dentro dessa Assembleia, dentro da Comissão de Infraestrutura e com apoio da Presidente Ivana Bastos. O que achamos é que a solução não é fácil. Porém temos que ter essa ligação logística tão importante para a Bahia, que no futuro pode chegar lá no Peru, onde existe um porto de alta qualidade. Essa ligação Atlântico-Pacífico garantiria uma logística e consequentemente uma competitividade para todos os produtores e para toda a condição de mineral e agropecuária do país como um todo.
Bahia Econômica – O senhor acredita que a ponte Salvador/Itaparica vai realmente ser iniciada? Qual a importância dessa obra para a Bahia e Salvador?
Eduardo Salles – Eu tenho certeza que a Ponte Salvador e Itaparica vai ser iniciada, sim. Eu sou otimista. Eu tenho certeza que vai acontecer, tenho certeza da importância dessa obra. Não é uma obra só de uma ponte, na verdade é um sistema viário, importantíssimo para o escoamento da safra do oeste da Bahia e de outros cantos da Bahia. Nós temos a parte turística que é fundamental para que a gente incremente o turismo no baixo sul, no sul, no extremo sul, nessa ligação com o Salvador e com as demais capitais. Nós estamos falando de um projeto que dá um desenvolvimento econômico fabuloso, porque nós estamos falando da ilha Itaparica se tornar um grande boom de construção, um grande boom imobiliário, ali é uma vista maravilhosa para a Bahia de Todos os Santos, mas com um nascente total ali. Além disso teremos uma nova entrada para Salvador. Hoje temos apenas as rodovias BR324 e 116, com a ponte iremos abrir uma nova rota no estado. A importância da ponte é muito grande, nós temos aí uma obra que vai ser uma das maiores obras da América Latina, importantíssima, e que a gente vai sim trabalhar duro para essa ponte sair do papel.
Bahia Econômica – Que outras obras de infraestrutura o sr. destacaria como fundamentais para o Estado?
Eduardo Salles – Olha, nós temos obras estruturantes e fundamentais para Salvador e para a Bahia como um todo. Então eu citaria para você a nova rodoviária, que tira um trânsito enorme dentro de Salvador, interligada com o VLT, BRT, o metrô. Também temos mais de 5 bilhões de reais investidos no VLT, que vai ter 40 quilômetros e vai ligar lá o comércio, a calçada, e Águas Claras e a Piatã. Eu estive visitando inclusive os trens lá em São Paulo do VLT. Essa obra vai ser uma obra sem dúvida de mobilidade urbana, da maior importância para Salvador, mas também para a Bahia como um todo. Volto a dizer, quando a turma chega do interior, já vai chegar tendo essa condição efetiva para poder trabalhar. Temos outras obras de infraestrutura muito importantes para o estado, como Aeroporto de Barreiras, a questão do litoral norte com a duplicação da rodovia, da estrada até Sergipe. Por último, acho que a questão também do armazenamento de água. Nós temos que pensar em grandes barragens, temos que pensar no Canal do Sertão que vem de lá do São Francisco. Poder trazer ali uma sustentabilidade hídrica para diversas regiões, mas aí eu falo também da barragem em Ceabra, também falo da barragem do Rio Catolés, em Barra do Choça, enfim, são barragens estruturantes que vão permitir também a condição de água para o consumo humano com sustentabilidade e também a água para a irrigação que traz a geração de empregos e renda para toda a Bahia.
Bahia Econômica – Faça um balanço da ação da Comissão de infraestrutura da Alba
Eduardo Salles – Em relação à Comissão de Infraestrutura, eu estou há três mandatos aqui na Assembleia, há quase 12 anos, e já presidi as Comissões de Agricultura, de Educação, já fui líder de bancada e eu confesso que ao longo desses três anos o trabalho que tem sido feito pela Comissão de Infraestrutura, independente de eu estar presidente, mas sim pelo comprometimento dos colegas ali, membros dessa Comissão, nós temos trabalhado causas muito importantes para a Bahia e eu confesso que eu nunca vi uma Comissão tão atuante, com tanta presença, o maior número de sessões da história dessa Assembleia, tratando de assuntos polêmicos importantes como a questão da Via Bahia, como a questão da Coelba, como as questões de infraestrutura como um todo, a questão das passagens aéreas, a questão da internet de qualidade, tratando da questão efetiva de ferrovias, de rodovias, de ações importantes para a mobilidade urbana, enfim, eu fico muito feliz, eu acho que o balanço é positivíssimo, confesso, volto a dizer, que nunca, na minha história aqui na Assembleia, nunca vi uma atuação tão grande, tão importante, e claro que essa comissão tem tido o apoio, da presidente Ivana, do ex-presidente Adolfo, e a gente tem trabalhado muito, muito, com muitas bandeiras, com muitos objetivos claros, que é melhorar a vida da população baiana, e eu fico muito orgulhoso de estar presidindo.