A Acelen Renováveis, empresa de energia do Mubadala Capital, inaugurou na última sexta-feira (29/08), o seu Centro de Inovação Tecnológica Agroindustrial – o Acelen Agripark – localizado na cidade de Montes Claros, em Minas Gerais. O local reúne pesquisa, inovação e tecnologia para o desenvolvimento da macaúba, matéria-prima que é a grande aposta da empresa para produzir 1 bilhão de litros de combustível sustentável de aviação (SAF) e diesel verde (HVO), por ano.
Integrado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, o projeto de biocombustíveis da Acelen Renováveis prevê investimentos iniciais de US$ 3 bilhões na construção da primeira planta integrada, que incluem, além do Acelen Agripark, a construção de uma biorrefinaria na Bahia e o plantio de macaúba em terras degradadas, entre outras infraestruturas. Alinhada às prioridades climáticas do país, a iniciativa também consta na lista do Programa País do Brasil junto ao Fundo Verde do Clima (GCF), conforme anunciado pelo Ministério da Fazenda em 31 de julho de 2025.
A cerimônia de inauguração contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado dos ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira; da Casa Civil, Rui Costa; e dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo. Também compareceram ao evento o senador Rodrigo Pacheco, o prefeito de Montes Claros, Guilherme Guimarães, além de diversas equipes da Acelen Renováveis, em especial, colaboradores que trabalham no Acelen Agripark. O espaço representa uma iniciativa disruptiva para a produção de biocombustíveis a partir da macaúba, planta brasileira de alto poder energético, que irá impulsionar a descarbonização da aviação e do setor de transportes pesados.
“Nós temos mais de 40 milhões de hectares de terra degradadas que a gente pode recuperar produzindo outras coisas que não aquilo que a gente já planta. Por isso, o dia de hoje é muito especial para mim, é a concretização de um sonho que está se transformando, definitivamente, em realidade. E eu vi a cara das jovens e dos jovens que trabalham nessa fábrica e eu, sinceramente, vi os olhos de pessoas que sonham,”, ressaltou o presidente Lula
Luiz de Mendonça, CEO da Acelen Renováveis, destacou o pioneirismo do empreendimento e reforçou a relevância do projeto para o país. “Com o Acelen Agripark, inauguramos o maior centro mundial dedicado à macaúba, transformando essa planta em solução energética escalável. O Brasil pode, e deve, assumir o protagonismo na transição energética, e a Acelen Renováveis reafirma hoje sua contribuição para esse futuro sustentável”, ressaltou.
Acelen Agripark em números
Desenvolvimento da macaúba no Acelen Agripark
Como parte desse esforço, a companhia está destinando R$ 314 milhões ao Acelen Agripark, dos quais R$ 258 milhões financiados pelo BNDES, consolidando o centro como pilar estratégico da bioeconomia no Brasil.
“Às vésperas da COP30, o Brasil avança na descarbonização da aviação e do setor de transportes pesados com apoio do BNDES. Somos o maior financiador de energia renovável do mundo e de ônibus elétricos na América Latina: são R$ 3,8 bilhões para aquisição de 1.701 veículos”, afirma o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Todo o trabalho realizado no Acelen Agripark será orientado pelo mapeamento de maciços com maior potencial de produção de óleo, formando o banco de germoplasma para seleção das melhores plantas, clonagem e melhoramento genético.
O centro também atuará no desenvolvimento de processos-chave para ganhos de eficiência e produtividade, incluindo protocolos de germinação, produção de mudas, automação para redução de perdas e custos, cultivos experimentais voltados à adaptação da espécie e aumento do rendimento do óleo, além da construção de planta piloto e unidades para extração, caracterização e processamento de óleo e coprodutos.
Esses avanços já começaram a gerar resultados: no início deste ano, a equipe agroindustrial da Acelen Renováveis realizou a primeira extração industrial de óleo de macaúba — um feito histórico viabilizado por tecnologia inédita.
“A macaúba é pesquisada e testada em pequena escala há mais de 70 anos, globalmente, e há cerca de 30 anos, no Brasil. De forma inédita no mundo, aqui – no Acelen Agripark -, integramos e potencializamos este conhecimento com tecnologia para garantir uma escala global. É um projeto sólido, que reúne instituições nacionais e internacionais, incluindo universidades, Centros de Pesquisa e demais parceiros para soluções industriais, agroindustriais, rastreamento e certificação”, conclui Luiz de Mendonça, CEO da Acelen Renováveis.
Acelen Valoriza
Durante o evento foi lançado também o programa Acelen Valoriza, que promoverá a inclusão produtiva no campo por meio de parcerias com produtores locais e agricultores familiares, um passo essencial para construir um futuro mais limpo, justo e inclusivo.
Maria Eunice Soares de Machado Costa, de 60 anos, mais conhecida como Dona Nice, representou os agricultores de Montes Claros ao receber uma placa comemorativa do Acelen Valoriza. Integrante da Copper Riachão desde 1992, quando começou a associação, ela se tornou referência, junto com o sobrinho Vlaney, no restabelecimento da cooperativa em 2021, após dois anos de paralisação devido à pandemia.
Com mais de 20 anos de dedicação ao cultivo da macaúba, Dona Nice vê nesse movimento a realização de um sonho antigo de sua família, transmitido de geração em geração. Hoje, seus filhos e netos também participam das atividades da Cooper Riachão, reforçando o legado familiar e o papel da agricultura como vetor de transformação regional.
Baseado em estudos técnico-econômicos e socioambientais conduzidos pela FGV Europe, o Programa Valoriza prevê, em sua primeira fase, o cultivo de 36 mil hectares — 20% da área total planejada, que é de 180 mil hectares — com estimativa de 1 milhão de toneladas/ano de frutos frescos. Com previsão de plena implementação até 2026, deve se tornar um vetor de desenvolvimento regional, recuperando áreas degradadas, gerando renda e fortalecendo a agricultura familiar.
Sobre o projeto da macaúba da Acelen Renováveis
A macaúba é uma planta brasileira de alto poder energético, que é de 7 a 10 vezes mais produtiva por hectare plantado em comparação à soja. Os biocombustíveis da Acelen serão totalmente drop in e com potencial de reduzir 80% das emissões de CO2, em comparação aos combustíveis fósseis, isso sem considerar o sequestro de carbono.
Recentemente, junto com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), a Acelen Renováveis anunciou ter alcançado um genoma de referência de altíssima qualidade para a macaúba, com 98,3% de completude gênica. Também, em parceria com a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), criou um novo protocolo que simplificou o processo e aumentou a taxa de germinação da macaúba.
Em maio deste ano, a Acelen Renováveis iniciou o plantio das mudas de macaúba na fazenda-modelo, no município de Cachoeira, na Bahia. Na primeira etapa, foram 198 hectares cultivados e cerca de 90 mil mudas plantadas, com uso de tecnologias de ponta e práticas agronômicas que respeitam o solo e o meio ambiente.
O projeto de macaúba da Acelen Renováveis vai criar oportunidades econômicas e sociais desde a germinação da semente até a distribuição dos combustíveis, tornando a companhia um vetor de desenvolvimento sustentável. Na próxima década, a iniciativa vai gerar até 85 mil empregos para a implementação de uma nova cadeia produtiva, conforme prevê estudo da FGV, com a injeção de US$ 40 bilhões na economia brasileira.
Foto: Ricardo Botelho/MME