Inspirado na figura do avô negro como símbolo de afeto, sabedoria e resistência nas famílias brasileiras, o espetáculo teatral “Vovô” retorna em agosto com uma circulação por terreiros de candomblé nas cidades de Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari e Santo Amaro. As apresentações são gratuitas e fazem parte do projeto “Raízes que Povoam”, que promove encontros potentes entre arte, território, ancestralidade e espiritualidade. A iniciativa é realizada pelo Instituto de Arte e Cultura da Bahia (IAC-BA) / Teatroescola. Além da sessão teatral, cada terreiro recebe um workshop de produção cultural ministrado pelo gestor sociocultural Nell Araújo. Em Lauro de Freitas, as atividades terão acessibilidade em libras.
A abertura será em Salvador, no dia 9 de agosto (sábado), no Terreiro Ilê Asé Odé Faroerã, no bairro de Paripe. “Levar esse espetáculo a diversos terreiros da Bahia representa levar algo de novo para o que é velho. Não falamos com tanta frequência dos mais velhos, do avô, de sensibilidade na masculinidade. Por mais que os territórios sejam diferentes, as vivências são iguais e esse tema se encontra em todo lugar, de diferentes formas. Então, a gente aborda a ausência desse avô, ou a presença dele, como uma forma de desmistificar o ser masculino na estrutura familiar”, comenta o diretor Leno Sacramento.
No mesmo dia (9), o projeto convida a comunidade do Terreiro Ilê Asé Odé Faroerã para participar do workshop de produção cultural, que propõe uma introdução prática à produção voltada às expressões dos Terreiros de Candomblé. Com foco na formação técnica e acessível, a atividade busca capacitar agentes locais a desenvolver, viabilizar e gerir projetos culturais, valorizando as tradições de matriz africana como cultura viva e de resistência.
Durante duas horas de duração, Nell Araújo, que é fundador e gestor do IAC-BA e do Teatroescola, a primeira escola artística inclusiva do Nordeste, e gestor do Teatro Jorge Amado, abordará temas como o conceito de cultura e a importância da cultura de terreiro, etapas básicas da produção (pré-produção, produção e pós-produção), estratégias de comunicação e uso consciente das redes sociais, além da relevância da gestão financeira para a organização e sustentabilidade de ações culturais.
As apresentações do espetáculo “Vovô” e o workshop acontecerão ao longo do mês de agosto em quatro cidades da Bahia. Em Salvador (09/08), as atividades serão realizadas no Terreiro Ilê Asé Odé Faroerã. A próxima parada será em Lauro de Freitas (17/08), no Terreiro Ilê Asé Opô Oyá Sojú, onde a montagem e o workshop contarão com a presença de intérpretes em Libras. Em Camaçari (23/08), as ações serão realizadas no Terreiro Ilê Axé Raízes Obá Kossô Omi. Por fim, em Santo Amaro (29/08), o Terreiro Ilê Yá Oman sediará as atividades, que serão abertas à comunidade universitária do CECULT – Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas da UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
Arte e ancestralidade – Criado em abril de 2021, durante a pandemia, “Vovô” nasceu como uma criação pensada para o formato virtual, gravada dentro de casa com celulares. Em 2023, ganhou adaptação para o formato presencial, sob direção de Leno Sacramento, artista do Bando de Teatro Olodum. Com dramaturgia sensível e poética, a montagem é interpretada pelos atores soteropolitanos Pedro Zaki e Rafa Martins e agora assume uma nova perspectiva, com diferentes movimentos, expressões e novas sensações.
O coreógrafo Dudé Conceição reforça que levar o espetáculo para os terreiros é uma forma de conectar arte com ancestralidade, escutar…
(Créditos: Amanda Chung)
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