No mês em que se celebra o Dia das Avós, em 26 de julho, a data serve de lembrete para uma importante reflexão: envelhecer pode ser sinônimo de plenitude — especialmente para as mulheres, que vivem mais e, cada vez mais, melhor. Se antes a figura da avó estava atrelada à cadeira de balanço, cabelo preso em coque e tardes silenciosas de crochê, hoje ela pode muito bem estar cruzando a linha de chegada de uma corrida de rua, pegando pesado na academia, aprendendo um novo idioma, gerenciando um negócio online, vivendo novas experiências ou mesmo organizando sua próxima viagem ao exterior.
Essa transformação tem raízes profundas, entre elas, a maior expectativa de vida da população feminina e o acesso crescente à informação sobre saúde e bem-estar. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres brasileiras vivem, em média, sete anos a mais do que os homens, atingindo uma expectativa de vida de 80,5 anos. No entanto, viver mais não basta — é preciso viver com qualidade. A menopausa, por exemplo, ainda é um marco na vida de muitas mulheres e, embora natural, pode ser acompanhada de sintomas desafiadores. Mas, com suporte médico adequado, estilo de vida ativo e bons hábitos, é possível atravessar essa fase com autonomia e disposição.
“A menopausa não deve ser encarada como o fim de um ciclo produtivo ou de uma vida ativa. Pelo contrário, ela marca o início de uma nova etapa que pode ser vivida com plenitude, saúde e propósito, desde que a mulher receba orientação adequada e adote hábitos saudáveis”, afirma o ginecologista Dr. Jorge Valente, especialista em saúde metabólica e longevidade.
Entre as principais queixas desse período estão ondas de calor (os temidos “fogachos”), alterações de humor, ganho de peso, insônia e perda da libido. De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), mais de 80% das mulheres na menopausa relatam sintomas que afetam diretamente sua qualidade de vida.
Mas esse não é, necessariamente, um destino inevitável. Segundo o médico, práticas como atividade física regular, alimentação balanceada, reposição hormonal quando indicada e manejo do estresse são pilares fundamentais para atravessar esse momento de forma saudável.
Uma nova avó: ativa, criativa e cheia de planos
Aos 64 anos, a artesã e empreendedora Rossela Oliveira é um exemplo vibrante dessa virada de chave. Ela vive o que chama de sua melhor fase — com corpo em movimento, mente em expansão e metas para os próximos 30 anos. “Sempre acreditei que a longevidade com qualidade é construída no dia a dia. Cuido da minha saúde com responsabilidade, com apoio médico e profissional, porque quero chegar bem aos 70, 80, 90”, afirma.
Rossela começa as manhãs com atividade física e leitura, e dedica parte do dia à sua loja de acessórios femininos, onde, entre laços de fitas, pedrarias e apliques, expressa sua criatividade e amor pelo artesanato. No fim da tarde, estuda inglês, marketing e ainda encontra tempo para tocar piano. Os fins de semana são ao ar livre, com pedaladas, contato com a natureza e a companhia da família.
“Tenho três netos, com idades entre 7 e 15 anos, e adoro acompanhá-los em corridas de rua. Vivemos todos a rotina de forma ativa e saudável. Isso me motiva ainda mais a manter uma vida plena e sem limitações”, diz ela. A alimentação balanceada, o sono reparador e a ausência de doenças crônicas fazem parte do seu cotidiano. “Me sinto feliz, disposta e em paz com meu corpo e minha mente. É assim que quero seguir envelhecendo.”
Longevidade é construção diária
Para o Dr. Jorge Valente, a história de Rossela reflete um movimento crescente entre mulheres maduras no Brasil. “Há um novo perfil feminino se consolidando. Mulheres que, ao entrarem na menopausa, não se sentem limitadas — elas buscam alternativas, se cuidam, continuam se reinventando e se reconhecendo potentes.”
E isso é fundamental para que a longevidade venha acompanhada de autonomia. O Ministério da Saúde reforça que o autocuidado e a prevenção são estratégias essenciais para um envelhecimento saudável, recomendando check-ups regulares, vacinação em dia, prática de exercícios e controle de doenças crônicas como hipertensão e diabetes.
Neste Dia das Avós, mais do que flores ou homenagens nas redes sociais, o convite é para olhar com outros olhos para essa geração que ressignifica a maturidade. Mulheres que cuidam dos netos, sim — mas que também cuidam de si, fazem planos, dançam, criam, empreendem. E mostram que a velhice pode ser, acima de tudo, um tempo de potência.
Crédito: Freepik