segunda, 16 de junho de 2025
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NO SÃO JOÃO, A POLÍTICA NÃO PARA, MAS É FEITA NO RITMO DO FORRÓ

Redação - 16/06/2025 08:59 - Atualizado 16/06/2025

Quem pensa que o São João interrompe o calendário político da Bahia está enganado. Longe disso, a festa junina é, na verdade, um dos períodos mais intensos da política no estado — especialmente no interior, onde o forró, o milho cozido e os acordos políticos andam de mãos dadas.

Na Bahia, cerca de 80% do eleitorado vive fora da capital. Isso significa que, para qualquer político com pretensão eleitoral, não há como ignorar as festas juninas. Durante o mês de junho, deputados estaduais e federais, prefeitos, vereadores, secretários e até pré-candidatos ao governo e ao Senado se lançam estrada afora, visitando as bases, reforçando alianças e se apresentando à população ao som da zabumba e da sanfona.

Os pré-candidatos precisam visitar suas bases no interior, dimensionar a força das lideranças e o São João é um momento propicio para isso. O governador Jerônimo Rodrigues, candidato à reeleição, deve estar presente e, como já visita frequentemente as cidades interioranas, vai escolher a dedo onde vai estar no São João. Já ACM Neto, seu provável adversário, que precisa se mostrar com mais afinco ao eleitor do interior, deve também fazer um périplo por alguns municípios. E o mesmo acontece com candidatos a deputado e senador, que tem no momento da festa uma oportunidade para se mostrar aos eleitores.

O São João, com sua força cultural e caráter comunitário, transforma cada cidade em um palco político. É nas barracas de licor, nas casas dos aliados, nos camarotes improvisados e nos bastidores das grandes festas que se fecham apoios, se renovam compromissos e se ensaiam alianças para o próximo pleito. Os políticos fazem questão de aparecer — e serem vistos — dançando forró e circulando entre o povo. A festa cria uma ambiência mais calorosa, onde os discursos duros cedem espaço ao corpo a corpo mais leve, mas nem por isso menos estratégico.

A presença dos políticos nas festas também cumpre um papel simbólico: reafirma vínculos com lideranças locais e com os próprios eleitores. Além disso, mostra que estão atentos àquilo que realmente importa para o povo — sua cultura, sua identidade, sua forma de celebrar a vida. Em muitos municípios, a visita de um político no São João vale mais que uma entrevista na televisão.

E como tudo na política tem seu tempo, junho é o mês de semear. É quando se planta a imagem, se cultiva a memória do eleitor e se irrigam relações. Mais adiante, virá o tempo da colheita — nas urnas.

Na Bahia, onde o interior pulsa com força própria, o São João não é apenas uma festa. É também uma arena política onde se dança, sim, mas com olhos atentos e ouvidos abertos. A política, afinal, não para. Apenas muda de ritmo. No São João, ela é feita ao som do forró. (EP – 16/06/2025)

A coluna política faz uma pausa para o São João e retorna no dia 30 de junho.

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