quinta, 12 de junho de 2025
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ARMANDO AVENA – A BAHIA FARM SHOW E A EMERGÊNCIA DO NOVO AGRO

Redação - 12/06/2025 06:58 - Atualizado 12/06/2025

A Bahia Farm Show 2025, que começou na última terça-feira em Luís Eduardo Magalhães, na região Oeste da Bahia,  com a expectativa de receber mais de 100 mil pessoas e  uma movimentação financeira da ordem de R$ 11 bilhões, não representa apenas mais uma edição daquela que é uma das três principais feiras agrícolas do país, representa também a emergência de um novo agro.

Ficou para trás o agro cujo único objetivo era desbravar e plantar a qualquer custo. Já emergiu um agronegócio moderno, tecnológico, preocupado em preservar o solo e a água, e cuja principal agenda é a sustentabilidade. O encontro, cujo tema é “Agro Inteligente, Futuro Sustentável”, já sugere essa nova postura. Ao mesmo tempo em que demonstra a força do agronegócio na região Oeste, indica também a emergência de um novo conceito de produção: o “agro inteligente”, que se caracteriza não só pelo uso de maquinário e alto nível tecnológico, mas também, e principalmente, pelo uso racional e sustentável dos recursos naturais, especialmente a água e o solo, e pela preocupação com o meio ambiente e, consequentemente, com o futuro.

A pujança do agro na região Oeste pode ser medida em números e coloca a Bahia como o 2º maior produtor de algodão do Brasil; um dos grandes produtores de soja e o 6º maior exportador; o maior polo de produção irrigada de milho e sorgo; além de ser a capital da mais nova fronteira agrícola do país: o Matopiba

Entre os 10 maiores produtores dessa região, que engloba os cerrados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, estão seis municípios baianos: São Desidério, Formosa do Rio Preto, Barreiras, Correntina, Luís Eduardo Magalhães e Riachão das Neves. E, entre os 10 maiores PIBs agropecuários do Brasil, figuram São Desidério e Formosa do Rio Preto, em 2º e 7º lugar, respectivamente.

Em 2025, a safra de grãos na Bahia deve bater um novo recorde, com alta de 9,8%, atingindo 12,5 milhões de toneladas, puxada por soja e milho, o que confere ao estado a condição de 7º maior produtor do país, segundo o IBGE. E é a região Oeste que lidera esse crescimento, com uma produção de soja de 8,6 milhões de toneladas, quase 15% maior do que a de 2024 — além de haver incremento em outros produtos. Cerca de 25% do PIB da Bahia tem origem no agronegócio, e é a região Oeste que lidera essa produção.

E não se pode esquecer o efeito multiplicador do agronegócio, que dinamiza toda a economia e estimula o investimento em outras cadeias produtivas. O beneficiamento da soja, o desenvolvimento da indústria têxtil, o aproveitamento das fibras de algodão são apenas alguns dos desdobramentos industriais da produção agropecuária. E isso sem contar que, após uma safra como a que será colhida em 2025, o comércio, os serviços e todas as atividades econômicas serão beneficiadas, gerando emprego e renda para a população.

O mais importante, porém, é que se torna cada vez mais forte, entre os produtores, o compromisso com o meio ambiente e com a produção sustentável — que, aliás, é fundamental para que se possa acessar, com mais força, os mercados internacionais.

A região tem potencialidades únicas, mas ainda enfrenta desafios. O escoamento da produção e sua logística têm melhorado, mas necessitam de maior estrutura e da conclusão da Ferrovia Oeste-Leste, que estimulará um salto produtivo em toda a região. A questão da disponibilidade de energia e da qualidade no suprimento também é importante, assim como a ampliação da capacidade de armazenagem, que dará ao agricultor uma posição melhor na negociação da sua produção. A oferta de crédito, os licenciamentos e outorgas de uso dos recursos, além da segurança jurídica, também são fundamentais. Mas os desafios são pequenos frente à potencialidade da região.

A Bahia Farm Show é um símbolo. Símbolo da pujança do agronegócio no Oeste da Bahia, da capacidade de integrar produção agrícola e pecuária, e da consciência, cada vez mais presente na região, de que é possível produzir preservando o meio ambiente.

                       IOF: DIÁLOGO DE SURDOS

A discussão entre o governo e o Congresso Nacional sobre o novo pacote é um diálogo de surdos: dois lados falando e ninguém se entende. O Ministério da Fazenda quer um remendo na estrutura tributária para aumentar a arrecadação e ter déficit zero em 2025 e 2026. O pacote do IOF era muito ruim, o atual nem tanto, pois o aumento da arrecadação atinge mais os rentistas. O Congresso quer um ajuste fiscal estruturado, com corte de gastos. Não dá para fazer sem mexer na constituição, pois quase todo orçamento federal tem vinculações, a maioria constitucionais, e sem cortar os R$ 50 bilhões em emendas dos próprios deputados. Não há ajuste estrutural possível com polarização. Só com acordo.

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