Cores vibrantes e a arte nos detalhes dos mosaicos produzidos pelos pacientes atendidos nos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) atraem o público que vai à Praça Municipal de Salvador curtir o Arraiá da Prefs 2025. Baianos e turistas têm sido convidados a conhecer os recortes estampados nas telas expostas na Barraca do Mosaico, que divide espaço com outros 19 boxes temáticos espalhados no entorno, e que têm fomentado o empreendedorismo local durante os festejos juninos.
A programação do evento segue até o próximo dia 18, sempre das 17h às 22h, com acesso gratuito. Promovido pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), o Arraiá conta com direção artística da Fundação Gregório de Mattos (FGM) e tem a parceria da Diretoria de Iluminação Pública da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), Empresa Salvador Turismo (Saltur) e da Associação da Rua Chile.
O secretário da Sempre, Júnior Magalhães, afirma que o espaço da festa junina, além de sediar apresentações culturais, artísticas, gastronômicas e infantis, também tem sido palco de incentivo ao empreendedorismo, já fomentado através do trabalho das oficinas, cursos e capacitações oferecidas nos Cras ao longo do ano.
“Temos a honra de abrir este espaço, dentro de uma festa tão querida e esperada pela população dessa cidade para as mulheres assistidas pela secretaria, que participam ativamente das ações de incentivo ao empreendedorismo. Por meio das oficinas, essas mulheres desenvolvem habilidades, fortalecem sua autonomia e ampliam suas oportunidades de geração de renda. Unimos, assim, duas frentes fundamentais — a cultural e a social — que caminham juntas na construção de uma sociedade mais justa, com mais trabalho, renda e cidadania para todos”, destaca.
Para o artesão Fernando Queiroz, professor das oficinas oferecidas através do Programa de Atenção Integrada à Família nos Cras, a produção das peças tem sido uma atividade transformadora na vida dos pacientes acolhidos nos centros. “Além da beleza artística, por trás de cada mosaico há uma história de vida com forte impacto psicossocial. Trabalhamos com famílias referenciadas, completamente desestruturadas pelas mazelas sociais. São pessoas em situação de extrema pobreza, com quadros de depressão, síndrome do pânico, que muitas vezes não saem de casa e já não socializam’, relata.
Além do viés psicossocial, Queiroz explica que a venda das peças tem se tornado fonte de renda para muitas famílias em situação de vulnerabilidade. “As oficinas são uma forma de terapia social através da arte e que ainda gera a subsistência. A venda dos mosaicos já é a renda principal de muitas famílias que atendemos”, considera.
Assistida no Cras de Pau da Lima, Maria José Santos de Jesus, 55 anos, perdeu o filho de 22 anos, vítima de lúpus. Acolhida pela instituição, ela conta como o mosaico mudou a própria vida. “Com a morte de meu filho, tive crises de ansiedade, depressão, não sentia vontade de nada e, na verdade, não queria ingressar na oficina. Mas com muita insistência de amigas, acabei indo e posso dizer que tive minha vida transformada. Fui completamente acolhida pela família do Cras. Além das técnicas ensinadas, aprendi outras. Passei em uma curadoria e já exponho minhas peças em outros locais, o que já me ajuda com o meu sustento financeiro e pretendo continuar a trilhar esse caminho”, descreve.
Confira a programação completa do Arraiá da Prefs acessando o site: https://www.salvadordabahia.com/eventos/arraia-da-prefs-2025-programacao-completa/.
Fotos: Jefferson Peixoto/Secom PMS