Uma investigação da Operação Sem Desconto apontou que os governos de Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) tiveram participação em um esquema de descontos irregulares em aposentadorias, conforme apurado pelo portal Metrópoles. O levantamento detalha que o número de convênios firmados com o INSS cresceu significativamente nos dois mandatos, ampliando os valores descontados dos benefícios.
Durante o governo Bolsonaro, quatro diretores de Benefícios do INSS assinaram acordos com 12 entidades, resultando em descontos de R$ 2,1 bilhões nos benefícios de aposentados. Já no governo Lula, três diretores — um deles nomeado ainda por Bolsonaro — autorizaram 18 convênios, com um total de R$ 235 milhões em descontos.
A diferença nos valores se deve ao fato de que diversas entidades firmadas na gestão atual ainda não iniciaram as cobranças, após a denúncia sobre a chamada “farra do INSS”.
O aumento no número de convênios começou durante a gestão de José Carlos Oliveira, nomeado por Bolsonaro para a diretoria de Benefícios (maio a novembro de 2021). Ele também ocupou os cargos de presidente do INSS e ministro da Previdência no mesmo governo. Sob sua liderança, foram firmados três convênios com entidades que arrecadaram R$ 695 milhões em descontos.
Entre as entidades envolvidas, destacam-se:
Tanto a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec) quanto a Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB) são suspeitas de ligação com operadores do esquema.
Entre dezembro de 2021 e março de 2025, a Ambec foi a entidade que mais arrecadou recursos por meio de descontos, acumulando R$ 500,9 milhões. De acordo com a Polícia Federal, parte desse valor — cerca de R$ 11,9 milhões — teria sido direcionada a Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”.
Dados da Controladoria-Geral da União (CGU) revelam que a arrecadação da Ambec saltou de R$ 135 mil em 2021 para R$ 14,9 milhões em 2022 — um aumento de 110 mil vezes em um ano. Em 2023, o crescimento foi ainda maior, alcançando R$ 91,3 milhões.
As investigações apontam para uma continuidade nos padrões de autorizações, com os governos Bolsonaro e Lula contribuindo para a expansão do esquema por meio de novos convênios.
Foto: Reprodução/Metrópoles
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