A denúncia de uma aposentada de Feira de Santana (BA) foi a responsável por dai início a investigação da Polícia Federal sobre possíveis fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Após desconfiar de um desconto estranho em seu contracheque, a aposentada insistiu que o caso fosse investigado pelo Ministério Público Federal (MPF), que agora se tornou alvo de uma megainvestigação da Polícia Federal.
Com acesso exclusivo à perícia, o Fantástico (TV Globo) mostrou que a assinatura da aposentada baiana foi usada sem autorização para cadastrar sua suposta filiação à Associação Universo, supostamente sediada em Aracaju – uma instituição fantasma utilizada para desviar o dinheiro. O grupo por trás da fraude teria acumulado mais de R$ 300 milhões em apenas 21 meses, com cerca de 629 mil pessoas cadastradas — mais que a população de Aracaju, por exemplo.
A operação revelou que mais de 4 milhões de pessoas foram atingidas por descontos fraudulentos, totalizando mais de R$ 6 bilhões desviados por associações fantasmas, como a APDAP PREV, de Nossa Senhora do Socorro (SE).
A fraude se aproveitou de uma brecha criada em 2019, quando o INSS passou a permitir que entidades realizassem descontos automáticos diretamente nos benefícios, bastando apresentar um documento assinado pelo aposentado. No entanto, segundo a Polícia Federal, muitas dessas assinaturas foram falsificadas.
Os valores dos descontos ilegais variavam entre R$ 30 e R$ 50 por mês, muitas vezes passando despercebidos, já que apareciam com o nome da associação e um telefone de contato nos contracheques.