Em meio a disputas internas sobre a direção do União Brasil, o ex-prefeito de Salvador e vice-presidente do partido, ACM Neto, tem atuado ao lado do presidente da sigla, Antônio Rueda, contra uma aproximação com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na contramão, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), defende maior alinhamento com o Planalto, alimentando tensões na legenda.
O episódio mais recente do embate envolve a articulação de Alcolumbre para indicar o deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), atual líder da bancada na Câmara, ao Ministério das Comunicações — posto vago após a saída de Juscelino Filho, denunciado pela PGR por supostas irregularidades. A movimentação, no entanto, foi contida por Rueda, ACM Neto e pela maioria dos deputados do partido, que preferem manter Pedro Lucas na liderança para evitar um conflito sucessório interno.
Embora Rueda tenha sinalizado apoio à nomeação durante um almoço com a ministra Gleisi Hoffmann, ele voltou atrás diante das pressões internas. A solução foi condicionar a possível nomeação à definição prévia da nova liderança na Câmara.
Segundo o jornal O Globo, a estratégia de Alcolumbre seria abrir espaço para um nome sob sua influência ao deslocar Pedro Lucas para o ministério, além de tentar atrair Rueda — atualmente mais próximo de Jair Bolsonaro — para uma reaproximação com Lula. Contudo, a aliança entre Rueda e ACM Neto, que miram uma candidatura de oposição em 2026, tem sido um obstáculo a esse plano.
Outro ponto de conflito no partido gira em torno da proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Enquanto Rueda e a ala bolsonarista da sigla apoiam a medida — já assinada por 41 dos 59 deputados do União —, Alcolumbre tem afirmado que o tema não é prioridade nacional.
As movimentações da cúpula do União, que se aproxima de figuras como Ciro Nogueira (PP) e Flávio Bolsonaro (PL), apontam para uma reconfiguração da direita com foco nas eleições de 2026. Há até especulações sobre uma possível federação entre União Brasil e PP, o que fortaleceria um bloco opositor ao governo Lula.
Enquanto isso, ACM Neto tenta retomar protagonismo nacional após a derrota na eleição para o governo da Bahia em 2022, consolidando-se como um dos principais nomes da oposição.
Foto: Secom