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ZÉ COCÁ, ZÉ RONALDO E A POLÍTICA NA BAHIA: O INTERIOR SE MOVE E DÁ UM ALERTA AOS POLÍTICOS

Redação - 14/04/2025 08:59 - Atualizado 14/04/2025

Os movimentos políticos dos prefeitos do interior do Estado precisam ser mais bem avaliados pelos políticos. Na Bahia, Salvador é uma caixa de ressonância e tudo que acontece aqui tem enorme repercussão no Estado, ainda que não no estado todo, pois cerca de 200 pequenos municípios do interior pouco sabem das movimentações na capital. Além disso, em muitas cidades do interior está se dando um processo de afirmação entre os prefeitos eleitos em direção a uma política de resultados, que coloca em primeiro lugar, quando se trata de alinhamento político, os benefícios para os municípios e não apenas o alinhamento político.

Nesse ano de 2025, tem se verificado uma aproximação surpreendente, tipicamente institucional, mas que pode ter repercussões políticas, entre prefeitos importantes do interior com o governador do Estado, Jerônimo Rodrigues. O prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), por exemplo, recebeu com pompas e circunstâncias o governador Jerônimo Rodrigues, que ficou lá por quatro dias, e também o ministro da Casa Civil, Rui Costa.  Prefeito de Feira de Santana pelo quinto mandato, José Ronaldo, também tem se aproximado do governador Jerônimo Rodrigues e participado de encontros institucionais em que  as prioridades do município estão em primeiro plano.

Note-se que, pelo menos nestes dois casos, não há ainda movimentos no sentido de alinhamento político, mas em outros municípios esse alinhamento tem se verificado.  A novidade referente a Zé Cocá e Zé Ronaldo é que eles são prefeitos de grandes cidades, com forte peso político nos movimentos do seu entorno e de toda a Bahia.

Uma parte dessa movimentação dos prefeitos deve-se, é verdade, ao trato afável e interessado do governador Jerônimo Rodrigues, que é um homem do interior e sente-se bem dedicando seu tempo aos municípios interioranos. Aliás, no próprio governo há quem reclame pedindo que o governador dê maior dedicação aos assuntos administrativos, mas isso não parece ser, consensual, pelo contrário, os elogios a sua atuação no interior, e por sua atenção aos prefeitos, vêm de todos os lados e em Jequié teve até elogios rasgados do ex-governador César Borges.

Mas não é apenas isso, há entre muitos prefeitos da Bahia, alguns deles jovens que querem fazer política de forma diferenciada, a ideia de que a política de resultados e os benefícios para seu município vem em primeiro lugar. Assim, aquele compromisso político fechado e indissolúvel deixa de ter tanta importância.

Claro que para os políticos da situação, que tem a máquina na mão, é mais fácil agradar aos prefeitos, mas a oposição, por seu turno tem um papel a cumprir, não só porque o Poder Legislativo está hoje empoderados com a famigerada farra das emendas, mas também porque a atenção constante às suas bases interioranas, se torna cada vez mais indispensável.

Na Bahia, é o interior que ganha eleição, afinal a capital representa apenas 20% do eleitorado, e os prefeitos estão cientes disso e visando atender a população do seu município exigem cada vez mais, recursos, atenção, presença e até carinho.

A política na Bahia está mudando, o caráter municipalista é cada vez mais forte e não é por outro motivo que o maior partido do Estado, o PSD, é ostensivamente municipalista. Se a política está mudando é hora dos políticos mudarem, afinal, já foi o tempo dos caciques, dos tecnocratas e dos políticos que só dão atenção aos municípios no São João, na vaquejada e no carnaval. (EP – 14/04/2025)

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