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SÉRGIO FARIA – ALEIXO BELOV, PAIXÃO PELO MAR.

Redação - 11/04/2025 05:00 - Atualizado 11/04/2025

 

“Uma vida é uma obra de arte. Não há poema mais belo do que viver em plenitude”

George Clemenceau, estadista francês (1841-1929)

 

Aleixo Belov, engenheiro, navegador e escritor, zarpará no próximo dia 12 de abril para a sua sexta volta ao mundo, desta feita enfrentando a passagem nordeste, cruzando a Sibéria.

Aos oitenta e dois anos, a bordo do Veleiro Escola Fraternidade, comandando uma tripulação de dez pessoas, entre navegadores e aprendizes, Belov, como já é uma tradição, iniciará sua viagem a partir do cais do 2° Distrito Naval, levando na lateral da embarcação por ele mesmo projetada e construída a inscrição “Baía de Todos os Santos, Capital da Amazônia Azul”.

Difícil encontrar na Bahia quem não conheça Aleixo Belov… Impossível encontrar quem, conhecendo-o, não tenha se tornado seu admirador.

Nascido na Ucrânia e naturalizado brasileiro, viveu e vive a vida intensamente, de forma absolutamente apaixonada, com as emoções aflorando sua pele curtida pelo sol e pelo sal das águas dos sete mares.

Sua biografia é um exemplo de vida, seja pela competência, determinação e entusiasmo que emprega em tudo o que se propõe a fazer, seja pelo altruísmo, compartilhando a sabedoria acumulada em anos de estudo e prática, de que são exemplos marcantes o registro de suas viagens em livros e filmes, a construção do Veleiro Escola e a criação do Museu do Mar Aleixo Belov, onde, além de documentos, fotografias e relatos de suas experiências, há extraordinário acervo de obras de arte por ele mesmo selecionadas e adquiridas ao longo de suas viagens.

“Os homens do mar, quando passam por situações difíceis, enfrentam um mar muito duro e sobrevivem depois de já terem aceitado a morte como certa, têm um sentimento de satisfação interior que só eles conhecem e não conseguem transmitir esse sentimento, tão pessoal, aos outros, pois os outros não vão conseguir entender. Eles vivem com esses sentimentos e morrem com eles, só para si”.       (Autor desconhecido)

Modesto, inicia um dos seus últimos livros, intitulado “Minhas viagens com outros comandantes”, citando a frase acima, mas, tendo publicado mais de uma dezena de livros, em todos se revelou um escritor de inegável talento, fazendo com que seus leitores possam não apenas usufruir de um texto bem escrito, mas, sobretudo, experimentar sentimentos e emoções, um mar de emoções…

Pelo conjunto de sua obra como escritor e por seu exemplo de vida, Aleixo tem merecido o reconhecimento da sociedade baiana, inclusive da nossa elite cultural.

No último dia 27 de março, a Academia de Letras da Bahia (ALB), acolhendo proposta do acadêmico Paulo Ormindo de Azevedo, outorgou a Aleixo Belov a sua mais importante distinção, a medalha Arlindo Fragoso, que, assim como Aleixo, era engenheiro, escritor e homem de vasta cultura.

Na mesma linha, em solenidade realizada no Museu do Mar, foi homenageado por confreiras e confrades de duas outras importantes agremiações culturais de que faz parte, as academias de Letras e Artes do Salvador (ALAS) e de Engenharia da Bahia (AEB).

“Um barco parece ser um objeto cujo fim é navegar;

mas o seu fim não é navegar, senão chegar a um porto”

                      Fernando Pessoa,  Livro do desassossego, Bernardo Soares

Vai, guerreiro… Deus ao chão não lhe prendeu… Rompe os ares, singra os mares, navega seu destino e aqui, no seu porto da Bahia, nós, seus amigos e admiradores, estaremos lhe esperando para seu retorno festejar.

Sérgio Faria, engenheiro e escritor, presidente da ALAS – Academia de Letras e Artes do Salvador

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