O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, fez o lançamento de sua candidatura à Presidência na Bahia. Caiado sabe que a Bahia é o reduto mais fiel de Lula no Brasil e lhe deu em 2022 mais de 3 milhões de votos garantindo sua eleição. Sabe também que, com exceção do estado de Goiás e seu entorno, é um ilustre desconhecido no resto do país, por isso nada mais correto do que lançar a candidatura com muita antecedência para lhe dar tempo de levar seu nome Brasil afora. Sabe igualmente que a segurança pública, ou a falta dela, é o ponto fraco do governo e que esta eleição caminha no sentido de privilegiar a discussão desse tema. Em resumo: Caiado sabe qual é o alvo, sabe como acertar na mira, mas não tem arma para atirar. E isso ficou bem claro no lançamento de sua candidatura em Salvador, na semana passada, no Centro de Convenções.
Caiado não tem munição suficiente para ser um candidato viável à presidência da República nem sequer para ser o candidato escolhido por seu partido. O evento não teve a presença do presidente do União Brasil, Antônio Rueda, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, nem de ministros de deputados do partido. Teve a presença do vice-presidente do União Brasil, ACM Neto, mas que estava ali em posição protocolar, junto com o prefeito Bruno Reis. Neto sabe que dessa vez não pode errar na escolha do candidato a presidente, não pode cometer novamente o erro do “tanto faz” ou escolher um candidato sem força eleitoral e política.
O lançamento da candidatura de Ronaldo Caiado foi proforma e, a não ser que o ex-presidente Jair Bolsonaro, apoie ostensivamente sua candidatura, o que parece improvável, ela não terá nenhuma chance. O governador de Goiás não tem cacife sequer para pleitear a candidatura a vice-presidente, pois esse cargo terá de ser, necessariamente, ocupado por um representante da região Nordeste.
Por outro lado, o União Brasil, é neste momento um partido dividido e tem até uma ala lulista liderada pelos ministros Celso Sabino (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações), além do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, padrinho político do ministro Waldez Góes (Integração Nacional).
ACM Neto e Bruno Reis sabem que a candidatura de Caiado é um conto da carochinha e o prefeito, embora tenha demonstrado apoio ao governador de Goiás, disse com todas as letras: “Como todo partido, o próprio nome já diz, partido tem outros que têm outras preferências ou que até mesmo defendem uma aliança com o projeto que hoje governa o país”.
E o grupo de Davi Alcolumbre sinalizou, em fevereiro, apoio a Lula em um ato no Amapá e da bancada de senadores, apenas Sérgio Moro e Vanderlan Cardoso de Goiás, compareceram ao lançamento da candidatura.
É verdade que em política isso é normal e um possível acordo do União Brasil com o PP para viabilizar uma federação partidária pode ajudar. Mas, mesmo neste tema, existem divisões no partido.
O fato é que para Ronaldo Caiado de concreto mesmo só título de cidadão baiano e uma comenda 2 de Julho. Quanto a sua pré-candidatura, ela aconteceu e é um direito de todo brasileiro desejar a presidência da República, mas tem pouquíssima viabilidade. (EP- 07/04/2025)