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EDGARD PORTO – A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA FIOL-FICO-BTS PARA O BRASIL E PARA A BAHIA

Redação - 24/03/2025 05:00 - Atualizado 24/03/2025

A integração ferroviária direta entre a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) e a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO) representa um dos projetos mais estratégicos para o Brasil e para a Bahia, trazendo impactos significativos para a economia, logística e desenvolvimento regional. A proposta tem como principal objetivo interligar as grandes regiões do país, fortalecendo a infraestrutura ferroviária e impulsionando a competitividade brasileira no cenário global.

A conexão entre a FIOL e a FICO resultará na criação de uma estrutura ferroviária em formato de cruz no centro do Brasil, unindo a Ferrovia Norte-Sul com a Leste-Oeste. Essa configuração facilitará o transporte de cargas entre diferentes regiões do país, reduzindo distâncias e custos logísticos. A interligação permitirá um fluxo mais eficiente de mercadorias entre o Centro-Oeste, o Sudeste, o Norte e o Nordeste, garantindo maior integração econômica e comercial.

A nova malha ferroviária possibilitará a ampliação da área de escoamento de grãos e minérios, beneficiando especialmente as regiões produtoras do Centro-Oeste e da Bahia. Com a conexão direta da FIOL aos portos baianos, os produtos agrícolas e minerais terão uma alternativa competitiva para exportação, reduzindo a dependência de rotas tradicionais, as quais se encontram, em muitos casos, saturadas ou precarizadas, e otimizando o transporte internacional.

A ligação direta entre FIOL e FICO por meio de Mara Rosa criará um traçado mais curto, eficiente e mais competitivo do que a interligação da FIOL em Figueirópolis, pois reduzirá os custos operacionais e o tempo de transporte, tornando o modal ferroviário mais competitivo em comparação com outras ferrovias e rodovias. A eficiência logística permitirá preços mais baixos para os exportadores, impulsionando a economia regional e nacional.

O projeto tem potencial para se conectar a um corredor bioceânico, ligando o Oceano Atlântico, via portos da Bahia, ao Oceano Pacífico, chegando ao Peru. Essa rota ampliará as oportunidades de comércio exterior do Brasil com os mercados asiáticos, diversificando os destinos das exportações nacionais e reduzindo a dependência dos portos do Sul e Sudeste.

Entretanto, para um sucesso maior da proposta, é indispensável encontrar uma solução para a atual concessão da ferrovia da VLI entre Corinto (MG) e Campo Formoso (BA), passando pela região de Salvador–Feira de Santana, considerando prioritária a requalificação do trecho que intercepta a FIOL I e segue até o Porto de Aratu, na Baía de Todos os Santos, com bitola larga. Isso permitirá a formação do Corredor FICO-FIOL-BTS, agregando um forte estímulo de atração de cargas de exportação e importação para a Bahia, contribuindo para alterar o seu ciclo de desenvolvimento industrial, de serviços e comércio.

Esta requalificação pode resultar na atração de partes de cadeias globais de valor para o entorno do Complexo Portuário da Baía de Todos os Santos e na interiorização do desenvolvimento de grande parcela territorial nordestina. Tudo isso repercutirá nas economias do Sul-Sudeste, reduzirá a área marginalizada do Nordeste e incrementará o crescimento do Centro-Oeste brasileiro.

O incremento a essa circulação de mercadorias vai potencializar o sistema de transportes rodoferroviário, que terá influência sobre 132 municípios, que hoje representam quase que 73% do PIB baiano, 21% do PIB do Nordeste e onde habitam 56% da população estadual.

Enfim, a integração ferroviária entre FIOL e FICO, com acesso aos portos da Baía de Todos os Santos, é uma iniciativa essencial para o desenvolvimento do Brasil. Além de fortalecer a infraestrutura de transporte, o projeto promoverá o crescimento econômico, aumentará a competitividade do setor produtivo e impulsionará a inclusão social por meio da geração de empregos. Com impactos positivos no comércio interno e externo, essas ferrovias têm potencial para transformar a logística nacional e consolidar o Brasil e a Bahia como um dos grandes players do mercado global.

*Diretor de Estudos da SEI

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