Após acionar a Lei de Inimigos Estrangeiros, usada pela última vez na Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de deportar supostos membros do grupo criminoso Tren de Aragua mesmo após proibição da Justiça, o governo de Donald Trump usou a mesma justificativa para deportar venezuelanos dos EUA. Mais de 200 pessoas deportadas pelos Estados Unidos chegaram de avião neste domingo, 16, a El Salvador, um dia depois de um juiz federal ter suspendido a ordem imposta pelo governo de Donald Trump de expulsar imigrantes suspeitos de atividades criminosas usando uma lei de guerra de 1798.
O presidente salvadorenho, Nayib Bukele, escreveu no X (ex-Twitter) que 238 membros do grupo venezuelano Tren de Aragua haviam chegado, além de 23 integrantes da gangue mexicana MS-13. Eles serão mantidos em uma prisão de segurança máxima. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, disse que centenas de supostos membros do grupo criminoso venezuelano foram enviados ao país centro-americano.
No último dia 3 de fevereiro, em visita a San Salvador, Rubio disse que Bukele havia se oferecido para receber prisioneiros enviados por Washington. A lei permite a deportação sumária de pessoas de países em guerra com os EUA e foi usada três vezes, durante a Guerra de 1812, na Primeira e na Segunda Guerra Mundial, de acordo com o Brennan Center for Justice, uma organização de leis e políticas.
A ordem do presidente barrada pela Justiça determina ainda que venezuelanos com pelo menos 14 anos de idade, que estejam nos Estados Unidos sem autorização e que façam parte da gangue Tren de Aragua (Trem de Aragua, do espanhol) são “passíveis de serem apreendidos, contidos, protegidos e removidos”. A Casa Branca acusa a organização de estar ligada ao governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro. Trump alegou que o Tren de Aragua está “conduzindo uma guerra irregular contra o território dos Estados Unidos, tanto diretamente quanto sob a direção, clandestina ou não, do regime de Maduro”.
O Tren de Aragua tem origens na prisão de Tocorón, no estado de Aragua, no norte da Venezuela, a qual foi transformada pelo líderes do grupo em um complexo com piscina, restaurantes, casa de jogos e zoológico. Eles teriam gravado execuções e torturas no local para manter o controle sobre demais prisioneiros. O grupo foi classificado como uma organização criminosa transnacional em 2024 pelo governo de Joe Biden, e Trump começou o processo de designá-lo como uma organização terrorista estrangeira. Pouco antes da Casa Branca publicar a ordem executiva direcionada contra o grupo, a ACLU entrou com uma ação judicial em nome de cinco homens venezuelanos que buscavam barrar que o presidente de invocar a lei.
Todos esses homens foram acusados de ter vínculos com o Tren de Aragua, mas negam que façam parte da quadrilha. A organização de direitos humanos relatou que um dos homens chegou a ser preso, confundido com um membro da gangue por tatuagens parecidas.
Foto: MANDEL NGAN