O Dia do Consumidor, celebrado no dia 15 de março, reforça o impacto do comércio digital no Brasil, que segue em expansão impulsionado pela digitalização e novas formas de pagamento, como o Pix. No entanto, o setor enfrenta um desafio crescente: a concorrência com varejistas estrangeiras. De acordo com um estudo da Nuvei, fintech canadense especializada em soluções de pagamento, o e-commerce brasileiro deve movimentar US$ 585 bilhões (cerca de R$ 3,34 trilhões) até 2027, um crescimento de 70% em relação a 2024. Apesar desse cenário positivo, empresas internacionais ganham espaço rapidamente, acirrando a disputa por consumidores.
O Brasil lidera o comércio eletrônico na América Latina, com um faturamento estimado em US$ 346,3 bilhões (aproximadamente R$ 1,97 trilhão) em 2024. O setor de varejo é o mais movimentado, somando US$ 137,3 bilhões (R$ 783,6 bilhões), seguido por viagens (US$ 56,7 bilhões), apostas (US$ 39,3 bilhões) e aplicativos de transporte e entrega (US$ 16,8 bilhões). No entanto, enquanto no México e no Chile as empresas estrangeiras representam mais de 20% do comércio digital, no Brasil esse percentual ainda é de apenas 7%. Essa realidade, no entanto, deve mudar. A previsão é que as transações cross-border no país alcancem US$ 51,2 bilhões nos próximos dois anos, refletindo a expansão acelerada das varejistas internacionais.
Para a co-fundadora e Chief Strategy Officer (CSO) da Divibank, Rebecca Fischer, a disputa entre plataformas nacionais e estrangeiras apresenta tanto desafios quanto oportunidades. “Enquanto as empresas brasileiras possuem um conhecimento mais aprofundado do comportamento do consumidor local, os e-commerces estrangeiros operam com custos reduzidos e maior agressividade nos preços. Para competir, o setor precisa investir em diferenciação, aprimoramento da experiência do cliente e inovação tecnológica”, afirma.
O avanço das varejistas internacionais já impacta o mercado. Segundo o Relatório Setores do E-commerce no Brasil, da Conversion, a varejista chinesa Temu foi responsável por 92% do crescimento do setor, consolidando o protagonismo das marcas asiáticas. Atualmente, cinco das dez maiores plataformas de e-commerce que operam no Brasil são estrangeiras, o que levou os lojistas brasileiros a pressionarem por medidas de proteção, como o aumento das tarifas sobre importações, na tentativa de conter essa expansão.
Diante desse cenário, as empresas brasileiras precisam diversificar suas estratégias e investir mais em tecnologia. O grupo Magalu, por exemplo, expandiu sua atuação para além do varejo, apostando em soluções digitais, serviços em nuvem e carteira de pagamento própria. Outras estratégias, como o uso de inteligência artificial (IA) para personalizar ofertas, descontos em pagamentos à vista e otimização logística, são apontadas como essenciais para manter a competitividade. “Em um mercado cada vez mais dinâmico, a capacidade de adaptação e inovação será determinante para que o e-commerce nacional continue crescendo de forma sustentável”, finaliza Fischer.
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