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DIAGNÓSTICO DA ENDOMETRIOSE AVANÇA, MAS DEMORA AINDA PREJUDICA MULHERES

João Paulo - 12/03/2025 13:20 - Atualizado 12/03/2025

A endometriose, doença ginecológica crônica que afeta cerca de oito milhões de brasileiras, pode levar até 11 anos para ser diagnosticada, comprometendo a qualidade de vida e a fertilidade de muitas mulheres. Durante o Março Amarelo, mês de conscientização sobre a doença, especialistas reforçam a necessidade de ampliar o acesso a exames de imagem especializados, fundamentais para a identificação precoce da condição.

Caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero, a endometriose pode se manifestar em diversos órgãos, como ovários, bexiga e intestino, causando dor pélvica crônica, cólicas menstruais intensas, dor durante a relação sexual e dificuldade para engravidar. Estudos indicam que até 50% das mulheres com endometriose enfrentam infertilidade.

Demora no diagnóstico prejudica tratamento – Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2021, mais de 26,4 mil atendimentos relacionados à endometriose foram registrados no SUS, e cerca de oito mil mulheres precisaram ser internadas devido à gravidade da doença. No entanto, especialistas alertam que esses números podem ser ainda maiores, já que muitas mulheres convivem com sintomas sem receber um diagnóstico correto.

“O diagnóstico precoce é essencial para evitar o agravamento dos sintomas e possibilitar um tratamento adequado. Muitas mulheres convivem com dores intensas sem saber que têm endometriose”, explica a médica radiologista Luciana Matteoni, especialista em diagnóstico por imagem.

A demora no diagnóstico ocorre, em grande parte, porque os sintomas da endometriose são frequentemente confundidos com outras condições, como síndrome do intestino irritável e doenças inflamatórias pélvicas. Além disso, a normalização da dor menstrual faz com que muitas mulheres só procurem ajuda médica quando os sintomas já estão avançados.

Tecnologia facilita detecção – Os exames de imagem têm sido fundamentais para acelerar o diagnóstico da endometriose e mapear sua extensão no corpo da paciente. A ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal, por exemplo, tem se consolidado como o exame de primeira escolha, pois permite uma avaliação detalhada dos órgãos pélvicos e possíveis aderências.

Já a ressonância magnética com protocolo dedicado para endometriose é um exame de grande valor para o estadiamento da doença, sendo especialmente útil para avaliar o acometimento de nervos e da parede pélvica. “Exames de imagem bem conduzidos fazem toda a diferença na identificação da doença e no planejamento terapêutico”, destaca a Drª Luciana Matteoni.

Especialista no tema, a médica radiologista apresentou três estudos no Congresso Internacional de Imagem da Endometriose (EICE), realizado nos dias 8 e 9 de março de 2025, em Miami, nos Estados Unidos. Suas pesquisas abordam o aprimoramento da ultrassonografia para diagnosticar a endometriose profunda e retrocervical, além de um estudo detalhado sobre os endometriomas, cistos ovarianos causados pela doença. Os trabalhos destacam a importância da capacitação médica e do uso de técnicas avançadas para um diagnóstico mais preciso e um tratamento eficaz.

Qualidade de vida – Embora a endometriose não tenha cura, o tratamento adequado pode controlar os sintomas e melhorar significativamente a qualidade de vida da paciente. As opções incluem medicamentos hormonais, como anticoncepcionais; tratamento cirúrgico para casos mais graves; e acompanhamento multidisciplinar, incluindo fisioterapia pélvica e orientação nutricional.

Para muitas mulheres, a cirurgia para remoção das lesões da endometriose pode ser a melhor alternativa para aliviar os sintomas e preservar a fertilidade. No entanto, o sucesso do tratamento depende de um diagnóstico correto e precoce.

“A dor intensa não é normal e não deve ser ignorada. Mulheres que apresentam cólicas menstruais incapacitantes, dor durante as relações sexuais ou desconforto ao evacuar ou urinar, devem procurar um especialista. Quanto mais cedo identificarmos a endometriose, mais cedo podemos tratar e melhorar a qualidade de vida da paciente”, conclui a sócia da Clínica Matteoni.

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