Como se fossem duas companhias atuando no mercado, um acordo de cooperação juntou as duas maiores facções do crime organizado no país: o PCC e Comando Vermelho. Um relatório de inteligência da Secretaria Nacional de Políticas Penais
detalha o que seriam ações coordenadas entre os dois grupos para tornar menos rígido o tratamento de presos perigosos no sistema penitenciário nacional.
Gravações feitas com autorização judicial revelam conversas entre presos e seus advogados dentro do chamado “parlatório” — local dentro das penitenciárias federais onde ocorrem esses encontros.
A reportagem foi do programa Fantástico da rede Globo, que teve acesso a um relatório do Serviço de Inteligência do Ministério da Justiça que afirma:
“A unificação dos advogados do Primeiro Comando da Capital, o PCC, e Comando Vermelho, o CV, vem sendo formatada por integrantes do alto escalão das duas facções. E teria como objetivo fortalecer os grupos criminosos para, principalmente, pleitear demandas dos chefes presos no sistema penitenciário federal”.
Nas penitenciárias federais, os presos cumprem pena no chamado regime disciplinar diferenciado. O detento fica isolado em cela individual monitorada por câmara, com saídas diárias para banho de sol por apenas 2 horas diárias. Só são permitidas visitas de suas pessoas por semana, mas sem direito a contato físico. O preso não pode ver televisão, ouvir rádio, ler jornais e revistas nem usar internet ou celular.
Segundo o relatório, “dados apontariam que integrantes do PCC já estariam reunindo assinaturas de pessoas em condições de votar para subsidiar um suposto ‘abaixo-assinado’ em que os signatários pleiteariam a flexibilização da lei para permitir o retorno de visitação com contato físico no sistema prisional federal”.