Desde de que o senador Jaques Wagner definiu a chapa que vai concorrer ao governo do Estado em 2026 e que terá Jerônimo Rodrigues como candidato à reeleição e ele e o ex-governador Rui Costa, chefe da Casa Civil do governo Lula, como candidatos ao Senado Federal, muito tem se falado sobre o assunto.
Apesar disso, pouco do que tem sido dito tem força para mudar uma composição que parece estabelecida. Há reclamações por conta do açodamento do senador que teria lançado a chapa no começo de 2025, quando poderia ter deixado para o 2º semestre ou até para o início de 2026. E sugestões de que uma chapa quase “puro sangue”, com três nomes do PT poderia não ser tão forte e competitiva como se apregoa, já que teria uma cara muito “vermelha”( a cara do PT), sem a necessária participação do “azul”, que representaria a face mais ao centro do espectro político.
Em política tudo pode acontecer, mas as reclamações acima surgiram de segmentos que de uma forma ou de outra sentem-se alijados da composição. Na verdade, a proposta de Wagner afeta diretamente um partido e o atual senador Ângelo Coronel, que postula a reeleição.
O partido é o MDB, que tem Geraldo Júnior como vice-governador do Estado e pleiteia a manutenção da posição que ocupa. Pleitear é um direito, mas, dificilmente, após a fragorosa derrota que o candidato Geraldo Júnior sofreu nas eleições para prefeitura de Salvador, o MDB terá cacife para bancar o cargo na nova chapa. O mais provável é que o partido aceite outras posições na montagem do time do governador Jerônimo Rodrigues que vai concorrer às eleições em 2026.
No que se refere ao senador Ângelo Coronel, note-se que aqui há uma sutil diferença ao ser colocado que a composição proposta afeta apenas um partido e não dois, como parece, afinal o PSD teria um senador seu, candidato à reeleição, rifado na composição. Essa sutil diferença está dada pelo fato de, frente a forte amizade e a forte atuação conjunta que existe entre os dois maiores caciques do PT e PSD – Jaques Wagner e Otto Alencar – dificilmente o primeiro teria anunciado publicamente a chapa da aliança sem ter combinado ou pelo menos sondado o segundo.
Isso significa que a composição da chapa estaria mais ou menos articulada com o cargo de vice-governador sendo reservado para o PSD e indicado pelo senador Otto Alencar, presidente do partido. O que significa que o problema não seria exatamente partidário, mas um problema diretamente ligado ao próprio Ângelo Coronel.
Na verdade, ao que parece, houve interlocução entre Wagner, Rui, Otto e Jerônimo, antes que o senador desse as declarações anunciando a chapa que vai concorrer às eleições em 2026. (veja aqui).
É verdade que as coisas da política nunca são tão simples assim e o senador Ângelo Coronel pode estar demonstrando sua insatisfação para com isso se posicionar mais fortemente no processo e buscar não só a indicação do nome para a vice-governança, mas outras posições. E pode estar fazendo isso contando com o ar compreensivo e interessado do seu partido, a maior agremiação política da Bahia.
Mas pode ser também, dado a proximidade do senador com setores do centrão, que ele esteja sentindo-se efetivamente rifado, sentindo que tenha levado uma rasteira como insinuou, e essa insatisfação poderia motivar até uma guinada partidária. É pouco provável e o mais razoável é que o senador Ângelo Coronel aceite a posição que lhe for ofertada pelo seu partido, o PSD, na composição da chapa que terá Jerônimo Rodrigues candidato ao governo e Jaques Wagner e Rui Costa candidatos ao Senado.
A mudança desse quadro, só se dará, politicamente, se houver alguma composição à nível federal, capitaneada pelo Presidente Lula, que leve Wagner e Rui Costa a disputar um cargo nacional.
Mas, em política tudo é possível, até o impossível, por isso vamos ver o que o futuro nos reserva. (EP – 28/01/2025)
Atualizada às 10;50