

Por Alessandro Soares**
Desde [Inserir mês] decidi viajar por todo o interior de São Paulo para conhecer a fundo a realidade dos professores de nosso estado. A cada cidade, os relatos de resistência, cansaço e esperança se fazem presente. Por isso, percorrer o interior para ouvir, de perto, o que os professores têm a dizer sobre a realidade da sala de aula, é tão importante e necessário.
Essas conversas revelam um retrato preocupante, e também cheio de urgência. Sobrecarga de trabalho, baixos salários e desrespeito à profissão estão entre os principais desafios enfrentados diariamente pelos educadores. O impacto disso vai além da rotina escolar, atinge a saúde emocional e física de quem dedica a vida à formação de outras pessoas.
O que mais chama a atenção é a insatisfação crescente dos professores diante do desequilíbrio nas relações escolares. Hoje, muitos se sentem reféns de uma proteção excessiva concedida ao aluno, o que fragiliza sua autoridade e compromete o papel pedagógico dentro da sala de aula.
Apesar de reconhecer o cenário desafiador da profissão, acredito que existem caminhos possíveis para mudar essa realidade. Um dos pontos mais urgentes é restabelecer a segurança e a autoridade do professor em sala de aula. É fundamental discutir uma revisão do ECA para que o educador tenha respaldo institucional em situações de conflito. Isso não significa retirar direitos de crianças e adolescentes, mas garantir que o professor também tenha voz e condições de atuação.
Outro aspecto importante é a criação de protocolos claros de cooperação entre as escolas e os Conselhos Tutelares. Hoje, a falta de alinhamento entre essas instâncias gera insegurança e sobrecarga nas unidades de ensino. Ter orientações objetivas e fluxos definidos pode fortalecer o trabalho conjunto e evitar que o professor fique desamparado diante de situações complexas.
A valorização docente também passa por essas questões. Valorizar o professor é oferecer respeito, condições dignas e respaldo para que ele exerça plenamente sua função. É garantir segurança, reconhecimento e equilíbrio dentro das escolas.
Nas minhas viagens pelo interior, tenho encontrado um sentimento comum entre os educadores: o desejo de serem ouvidos e respeitados. De cidade em cidade, esse diálogo tem se transformado em uma mobilização real pela valorização e pela proteção dos docentes, uma luta que começa na escuta e precisa se traduzir em ação.
**Alessandro Soares advogado, pedagogo e Diretor Geral Administrativo do Centro do Professorado Paulista (CPP). É também o idealizador da petição que propõe a redução da jornada de trabalho dos professores para 30 horas semanais, sem diminuição salarial.