O ritmo de absorção de trabalhadores no mercado formal em 2024, até outubro, foi maior na faixa de 50 a 59 anos de idade. O saldo de novos postos de trabalho formais nesse grupo etário de janeiro a outubro, ante igual período de 2023, cresceu 133,7%, muito acima da velocidade de 18,6% do total dos trabalhadores. O movimento foi estimulado pela aceleração da atividade econômica e puxado principalmente pelo setor de serviços, que respondeu por mais de 70% (73,4%) das 55.851 novas vagas formais nessa idade.
As informações são do estudo “Análise da evolução do saldo de postos formais por faixas de idade”, das economistas e pesquisadoras do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) Janaína Feijó e Helena Zahar. O trabalho tem como base os microdados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Em ano de crescimento da economia, a demanda por trabalhadores é maior, favorecendo quem tem mais dificuldade de se inserir no mercado de trabalho, aponta Feijó: “Ao longo de 2024, a atividade econômica se acelerou, há um aquecimento do mercado de trabalho. […] Aquelas pessoas que, no primeiro momento de recuperação, não tinham conseguido [se recolocar] agora conseguem”.
O argumento é reforçado pelo economista da LCA Consultores Bruno Imaizumi, que também vê expansão dessas vagas sustentada pela força do mercado de trabalho. Ele aponta que a taxa de participação no mercado do grupo de 40 a 59 anos, por exemplo, vem registrando recorde: “É um movimento que será cada vez mais comum.”
Os dados do trabalho ajudam a mostrar a capacidade de absorção da mão de obra de pessoas mais velhas na atual transição demográfica da população brasileira. Há diferentes correntes para o marco do início da chamada geração prateada – cujo nome remete aos cabelos grisalhos. Há quem identifique como as pessoas de 50 anos ou mais, enquanto outras citam 55, 60 ou 65 anos como possíveis inícios dessa geração. O que está claro, aponta a consultoria Data8, especializada no mercado de longevidade, é a diversidade da geração prateada.
Foto: Leo Pinheiro/Valor