O Banco Central (BC) aumentou o ritmo de alta dos juros. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic, juros básicos da economia, em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano. A decisão surpreendeu o mercado financeiro, que esperava uma elevação de 0,75 ponto. Essa foi a terceira alta seguida da Selic. A taxa retornou ao nível de dezembro do ano passado, quando estava em 12,25% ao ano. A alta consolida um ciclo de contração na política monetária.
Em contato com o portal Bahia Econômica, Iuri Rocha, especialista em investimentos pela XP, explicou que a decisão do Copom tem preocupado o setor por causa da alta no endividamento público. “A alta na taxa de juros reflete uma combinação de fatores que têm pressionado a economia brasileira. Apesar do crescimento do PIB nos últimos trimestres, este foi sustentado por um elevado custo fiscal: mais de R$ 800 bilhões pagos em juros da dívida pública, com uma trajetória de endividamento que segue preocupando investidores. Nos últimos dois anos, a dívida pública cresceu R$ 1,9 trilhão, um patamar que compromete a sustentabilidade fiscal e pressiona as expectativas de inflação”, disse.
Iuri também falou sobre a questão do dólar que tem tido altas constantes. Segundo ele “do ponto de vista cambial, a volatilidade do real também pesa. Um ambiente de alta incerteza fiscal, somado ao endividamento crescente, tende a desvalorizar a moeda, o que pode encarecer produtos importados e gerar pressões inflacionárias adicionais. A Selic, como principal instrumento de controle da inflação, precisa subir para ancorar expectativas, especialmente em um cenário onde o crescimento econômico tem sido financiado a um custo tão elevado. A elevação reflete a necessidade de equilibrar as contas públicas, reduzir a pressão sobre o câmbio e conter a deterioração das expectativas inflacionárias. O mercado, sempre olhando para o futuro, precifica esses desafios, evidenciando que crescimento baseado em endividamento não é sustentável a longo prazo”, disso.